Os liberticidas e a banalização da vida humana

A vida, para o progressismo, ficamos também a saber, não é um direito absoluto, mas a morte é um direito fundamental e essencial

Em 2024, a UE declarou o aborto como um direito fundamental. Em Portugal um dos principais deputados socialistas afirmava que a vida não é um direito absoluto, o líder do partido liberal assegura que se baterá sempre para que o aborto seja um direito essencial. Entre 2007 e 2022 foram realizados mais de 250 mil abortos em Portugal. Em Portugal em cada 5 nascimentos é feito um aborto. Muitos destes abortos, 97%, não resultam de motivos relacionados com a saúde do nascituro ou da grávida, mas são resultados da decisão de livre escolha e ocorrem na sua maioria entre os 20 e os 24 anos. O aborto funciona agora como um anticoncecional.
As ideologias liberais e esquerdistas pretendem estender a possibilidade de aborto até mais semanas (em Portugal no presente temos a 10.ª semana como limite), idealmente até ao fim da gravidez.
Essa visão do ser humano é considerada como uma defesa da liberdade individual. Ora, num aborto, existe alguém que decide por termo a vida de outro que está completamente indefeso. Os liberais libertários chegam a falar do feto como um parasita indesejado no corpo de alguém que tem todo o direito de o expulsar. O esquerdismo celebra a ideia que cada um faz com o seu corpo aquilo que bem lhe apetece e toda a interferência, por exemplo, salvar e/ou ser responsável por uma vida humana é inaceitável.
Estas visões liberticidas promovem a banalização da vida humana em nome do hedonismo individualista. Uma sociedade que trata assim a vida humana e os mais fracos, sejam os nascituros, como os idosos com a eutanásia, não merece qualquer respeito, pois é uma sociedade terminal. Nem estamos no campo religioso, mas a defender uma visão ética do ser humano.
A liberação absoluta é tão ou mais bárbara que a proibição e condenação absoluta. Uma sociedade que deixa de obedecer a princípios éticos fundamentais é uma sociedade desumana e onde tudo se torna possível. A ideia da liberdade individual absoluta irrestrita nada tem a ver com a liberdade do ser humano como agente moral. Há portas que não se devem abrir, quando são abertas tudo se torna legitimo. O aborto deve ser um último recurso de situações dramáticas, como malformações graves, saúde da mãe, violações, gravidez infantil e juvenil. Transformar essa prática no equivalente à escolha de uma peça de roupa ou a descartar uns ténis é o grau zero da desumanidade. O aborto, como drama, é uma vida humana que se vai perder, merece que se garanta os cuidados necessários de saúde para a mãe e toda a compaixão, ajuda e compreensão. Reduzir a legislação do aborto a um simples ato de vontade, de porque, sim, significa que somos uma cultura suicida. Repara-se que para a mundividência liberal o feto nem tem estatuto jurídico de pessoa.
A vida, para o progressismo, ficamos também a saber, não é um direito absoluto, mas a morte é um direito fundamental e essencial. Ora, o grau de uma civilização mede-se em muito pelo cuidado e vigilância que ela impõe a si mesma no respeito que demonstra pela vida humana e pelos mais fracos. Na verdade, a banalização da vida humana e este liberticidio que se pretende confundido com direitos reprodutivos visa também destruir o que é a maternidade, a mulher, a família e a paternidade e pretende confundir autonomia com desumanidade.