…colhe tempestades!

A Mouraria e toda a baixa de Lisboa está infestada de traficantes de droga…

A tempestade que caiu sobre a minha paróquia – a Mouraria – leva-me a escrever estas breves linhas. Gostaria de não ter de o fazer, mas penso que, em democracia, não podemos deixar de introduzir no debate público factos relevantes sobre o tema, para não deixarmos que as pessoas sejam usadas como armas de arremesso político.
Cheguei à Mouraria há catorze anos! Era, então, um bairro com alguma vida, mesmo que a decair, mas, enquanto edificado arquitetónico, mais parecia saído da Segunda Grande Guerra. Era um monte de ruínas… As pessoas eram o centro da vida do bairro… as pessoas eram… e continuam a ser! Já era, também, um bairro multicultural, não há dúvida.
Não posso ficar indiferente às opiniões que algumas virgens ‘comentadeiras’ arrependidas fizeram dos acontecimentos ocorridos há algumas semanas: a Polícia encostou contra a parede uma centena de novos portugueses… (no passado habitavam por aqui os cristãos-novos, agora são os portugueses-novos).
Temos de ser rigorosos e definir com exatidão quem eram aqueles homens que estavam encostados contra a parede: emigrantes ou novos portugueses? Se eram novos portugueses, são cidadãos da República Portuguesa e, portanto, estão debaixo das leis da mesma República, sem exceção.
Estar encostado contra a parede é normal na Mouraria.
Em catorze anos, já vi inúmeras vezes a polícia a encostar homens e mulheres contra a parede. Vi a polícia entrar em casas à procura de droga! Vi crianças a chorar, a subir pelos polícias acima para não prenderem os pais…
Umas vezes encontraram droga, outras não! Umas vezes levaram-nos presos, outras não!
Nunca vi um único partido político a defender a dignidade dos antigos portugueses ou dos portugueses de sempre. Nunca vi uma única ‘comentadeira’ defender as crianças de tamanho espetáculo. Algumas destas crianças nasceram e foram criadas na prisão de Tires… porque Tires tem uma Creche para os filhos das presas!
Em catorze anos, já vi menores de catorze anos darem à luz um filho e a fumarem droga.
Se queremos que diga o que tenho visto em catorze anos de Mouraria não o conseguirei fazer nesta coluna… Tenho pena de não me darem oportunidade de o fazer… mas a Mouraria não é, de facto, o aglomerado de santos que temos pintado. A Mouraria e toda a baixa de Lisboa, infestada que está de traficantes de droga que, afinal, não passa de uma massa de folhas de louro prensadas, misturadas com caldos Knorr e caca de galinha.
Se abrirmos as notícias, num breve clique, podemos ler tudo o que não pude escrever aqui: a máfia bengali, as casas sobrelotadas, as lojas fantasma sem clientes, o novo português adolescente que morreu queimado num ‘hotel’ ilegal – a senhoria não sabia de nada…
Em boa hora, o presidente da Junta de Freguesia decidiu, em julho deste ano, debater com os habitantes da freguesia a violência e o medo com que vivem os moradores!
Que se note que em toda a Mouraria, depois dos problemas enumerados, não tem um único gabinete de assistentes sociais ou programas específicos para lidar com este fenómeno.
Se formos todos, todas e todos honestos, reunimos os factos e não as narrativas do que tem acontecido na Mouraria nos últimos anos. Vamos conseguir fazer uma boa caldeirada… mas não será de bacalhau!