BeeMind The Game. O jogo de cartas em que ganha o melhor argumento

São 365 cartas que prometem “baralhar” a mente e tornar qualquer jantar de amigos mais interessante. O objetivo é trocar o scroll infinito nas redes sociais por conversas profundas. Isabel Saldanha, uma das criadoras do jogo, escolheu a dedo 12 temas e questões provocadoras, em que ganha quem tiver o melhor argumento

Da religião ao amor, são 12 os temas das cartas que prometem “baralhar” cabeças e gerar conversas profundas. Depois de dois meses de pesquisa, discussão e copos de vinho à mistura, três amigos curiosos decidiram criar o jogo BeeMind para contrariar a superficialidade e rapidez das redes sociais e incentivar o diálogo sobre temas e questões (escolhidas a dedo).

Isabel Saldanha, Filipe Rebelo e Inês Condeço estão por trás deste jogo de cartas – 365 cartas no total dos 12 baralhos – que tem o objetivo de «desacelerar e redescobrir a arte da conversa». De acordo com as instruções, cada jogador tem um tempo limite para falar, marcado por uma ampulheta, e depois são atribuídas moedas a quem tenha a melhor capacidade de argumentação. O objetivo do jogo não é «necessariamente ganhar, mas elevar consciências e despertar um pensamento mais profundo sobre o mundo e o que nos rodeia».
A LUZ falou com Isabel, escritora, fotógrafa e uma das criadoras, para compreender melhor o processo de elaboração do jogo e os próximos passos.

O que inspirou a criação do jogo BeeMind? Partiu de uma experiência pessoal ou uma lacuna que vocês, enquanto criadores, perceberam na sociedade? Também deve ter pressentido a lacuna, não é?! [risos] Estamos todos tão agarrados ao digital que acabamos por ficar carentes de alguma oportunidade que seja suficientemente interessante para pousar o telemóvel.
Também me inspirei porque a minha filha está a viver em Amesterdão e uma das coisas que se faz muito por lá são tertúlias, sem telemóvel. Uma espécie de gambling sessions em espaços abertos, bibliotecas ou bares, em que somos obrigados a deixar o telemóvel à porta.
Acho que nós fomos um bocadinho colonizados e é engraçado que, às vezes, nós tenhamos que voltar a ser instrumentalizados e doutrinados para deixar uma coisa que de facto não nasceu connosco, mas que se tornou uma parte completamente inquestionável da nossa vida.

E como é que começou o processo de criação? Eu, o Filipe e a Inês gostamos muito de filosofar, somos amantes de inquietude e estamos sempre a colocar novas questões e a ler. Sabemos que não somos pioneiros nesta preocupação, então começámos a pesquisar o que é que já existia no mercado. Mandámos vir tudo o que era jogos focados nestas questões da humanidade. Gastámos uma pipa de massa, mas era importante para fazermos uma coisa realmente inovadora. Não queríamos uma coisa que fosse cómica, queríamos que perturbasse e que nos colocasse em frente à ignorância que temos relativamente a alguns temas.

É um jogo para todas as idades? Quisemos que fosse um jogo suficientemente versátil para ser jogado por pessoas dos 16 aos 96. E não queria que fizesse uso de inteligência artificial, portanto, fui para a biblioteca e escolhemos estes 12 temas da humanidade: Amor, Sentido da Vida, Tempo, Liberdade, Futuro, Religião e Espiritualidade, Prazer, Mudança, Morte, Medo, Justiça e Ética, Arte. Foi muito engraçado porque eu testei o jogo com as minhas filhas e tenho uma que é adolescente, só vê vídeos de maquilhagem e ficou viciadíssima no jogo e levou para os amigos. A minha filha que está em Amesterdão levou a versão em inglês e passou as noites a jogar com os amigos. Existe uma carência que é transversal a todas as idades.
Mas o preço do jogo [149 euros] acaba por não ser acessível a todos… Sim, nós queríamos fazer uma versão mais affordable, mas depois da pandemia os custos da matéria prima dispararam e com todo o packaging, design, site, versão traduzida, foi um investimento elevado. Mas até hoje já vendemos quase 300 caixas e ninguém refilou em relação ao preço.
Queríamos que a entrada fosse a pés juntos, com um jogo completo, com uma caixa de 3kg, que quase parece uma caixa faraónica.
Neste momento só vendemos através do nosso site (beemind.pt). Depois, quando começarmos a ter pontos de venda, como a Fnac, queremos ter caixas mais pequenas para ser mais acessível.

Há previsão de quando vai chegar às lojas? Sim, a partir de março