Márcia tem 43 anos, vive no Litoral Alentejano e gosta muito de viver. «Os meus apelidos são Carraquico Fernandes, mas até há bem pouco tempo tive Carrapiço no cartão de cidadão», brinca. «Sou mãe de dois rapazes de 13 e sete anos e é impossível não estar bem viva para aguentar a rotina diária», conta.
Adora ter tempo para a família, passear e estar com a sua cadela. «Adoro provar gastronomias diferentes, sentir-me útil e ter a rotina de me levantar cedo, ir ao ginásio, voltar para casa, despachar os filhos para a escola, ir trabalhar (trabalho numa parafarmácia), levar filhos às atividades letivas. Tudo isto faz de mim uma mulher muito feliz», revela. «Costumo dizer que o melhor do mundo são as crianças. Amo de coração ser mãe, tia e madrinha», acrescenta.
O gosto pela cozinha – tanto de cozinhar como sentar-se à mesa a saborear – fez com que, com o seu marido que, segundo a mesma, «também é um comilão» começasse a viajar. «É aqui que começa a minha coleção de ímanes», afirma. «Das nossas primeiras viagens pela Europa, além de recordação de fotografias, sempre trouxemos alguns. Inicialmente começou por ser uma simples lembrança do país em questão, mas com o tempo começou a ser um gosto aliado a um vício de ter ímanes no frigorífico», admite. Ter ímanes recorda-lhe os momentos que tiveram a dois, mais tarde a três e agora, a quatro.
Neste momento, tem 104. Márcia admite que, infelizmente, a limpar e com algumas mudanças partiu alguns. «Contudo, ainda não partimos um único dos sítios que visitámos. Todos os que partimos, foram oferecidos, ou melhor… pedidos. Sim, porque assim que sei que alguém vai a um país onde nunca tive ou que nem tenho interesse em ir, lá vou eu pedir encarecidamente que me tragam um íman», explica.
«Começando por Portugal, tenho ímanes de Fátima, Óbidos, Lisboa, Aveiro, Algarve, Évora, Mértola, Beja, Viseu, Braga, Porto, Bragança, Nazaré, Madeira, Açores, Batalha, Beja, Reguengos, Odivelas, Vila Nova de Gaia, Coimbra, Montemor o Velho e Fundão. Depois tenho alguns repetidos de algumas zonas, porque já sabem que faço coleção e trazem-me sempre… De Fátima tenho três», detalha.
Do estrangeiro tem de Cuba, Marrocos (dois), Tenerife (onde foi pedida em casamento), Egito (dois), Disneyland, França, Alsácia, Estrasburgo, Menorca, Barcelona, Madrid, Alemanha, Irlanda, Sevilha, Roma, Veneza, Ibiza, Sardenha, Cabo verde (três), Roménia, Bali, Grécia (três), Dubai, Búzios, Málaga, Palma de Maiorca, Córsega, Punta Cana, México, Benidorm, Suíça, Londres (três), Gandia, Génova, Marselha, Matera, entre muitos outros…
Um íman especial
«O meu Íman favorito é de Cuba porque tinha um sonho de conhecer o país quando o Fidel Castro ainda estava vivo… E consegui! No entanto, foi muito cansativo a nível de horas de voo e voltei de coração partido por ter visto tanta pobreza. Nenhuma criança merece passar fome, nem andar descalço», lamenta.
Márcia lembra um episódio marcante em plena praça de Havana. Estava com o seu marido, vestidos com roupa e bonés de Portugal, sentados, com um artista de rua a fazer as suas caricaturas, quando passaram três crianças com a sua mãe. «A menina agarrou-se a mim a pedir a minha blusa… Eu dei a blusa, os calções e o boné. Fui em biquíni para o autocarro que nos levava de Havana até Varadero. A viagem foi cerca de 45 minutos e fui o tempo todo a chorar e quase nua», conta.
Atualmente, é raro o mês que não compra um íman, não manda personalizar ou não pede que lhe tragam de algum lado. «Não sou nada exigente na escolha, só quero ímanes! Claro que há uns mais giros que outros, mas adoro todos», garante.
Márcia não consegue saber ao certo em que valor estará a sua coleção, mas acredita que, nos dias de hoje, certamente terá cerca de uns 300 euros em ímanes.
«Tenho-os todos no frigorífico e, quando não tiver espaço, vou arranjar um quadro e continuar a coleção. Tenho a certeza que, mais tarde, os meus filhos vão olhar para todos eles e lembrar-se da mãe. Este verão o meu filho mais velho foi com os tios a Cabo Verde e claro que me trouxe um, mesmo sabendo que já tinha uns quantos dessa zona. Acho que passei este ‘pequeno vício’ aos meus meninos», acredita.