Temos connosco há mais de 20 anos uma Senhora ucraniana, para nós mais do que amiga, que costuma dizer-me: «Não é só o Putin, os russos são todos assim». José António Saraiva foi mais uma vez certeiro no seu texto recente sobre o tema, tocando no cerne da questão: A Rússia não quer ser Europa.
E porque haveria de querer, menos ainda hoje, em que os russos veem, tal como nós próprios, as liberdades europeias – falsa liberdade – esgotar-se na mediocridade e na irrelevância, na esperteza viscosa nababamente auto-remunerada dos seus donos de Bruxelas, na rendição às taras de woquismos, na exposição pusilânime às misérias do mundo?
A Rússia nunca se modernizou, nunca quis liberalizar-se. É um estado feudal, que quer ser império. Putin só ouve a voz da força. Gorbachov foi um equívoco no momento do esgotamento nacional e da falência internacional do império comunista. Se não fosse Putin seria outro, porventura pior, se menos forte.
Aceitemos uma Rússia assim, convivamos com ela de acordo com o que é e não, repito, como a cambada dos senhores da União têm querido ignorantemente que seja.
Também neste registo Trump poderá ser uma novidade auspiciosa. O choque elétrico que acordará os europeus adormecidos. No mundo fechado em que estamos a viver, com Trump virá, porventura, o regresso da História e a verdadeira liberdade, fonte de imprevisível novidade.
O regresso da História
A Rússia nunca se modernizou, nunca quis liberalizar-se. É um estado feudal, que quer ser império