A imigração, um modelo económico de miséria

O maior beneficiário do caos imigratório é o tipo de capitalismo que vive de lucros imorais, salários baixos e desprezo pelas pessoas, que tem o contributo deste progressismo, que com os seus delírios serve apenas para escamotear a verdadeira realidade.

O consenso do centro e da esquerda sobre a imigração, nunca questiona o modelo económico e social degradante que legitimam. Alguém já percebeu se os mais vocais defensores da imigração lutam por um modelo económico que alie prosperidade e dignidade? E se a esquerda radical exige condições de decência mínima na vida dos imigrantes?

Está quase tudo errado no que diz respeito há imigração. Falamos neste texto apenas desse aspeto e da respetiva hipocrisia e fracasso do modelo que PS, esquerda radical e PSD têm implementado, marcado por indiferença, visão limitada e negligência. A narrativa mediática que nos bombardeia com a ideia que estamos perante uma terrível ofensiva do regresso do mal, fascista contra o bem esquerdista, serve para ignorarmos o essencial. Estimulam-nos para reagirmos emocionalmente, mas é apagada a evidência racional que estamos principalmente perante um sistema programado de exploração das pessoas e da legitimação de um modelo económico baseado em miséria, abuso e desumanidade.

O maior beneficiário do caos imigratório é o tipo de capitalismo que vive de lucros imorais, salários baixos e desprezo pelas pessoas, que tem o contributo deste progressismo, que com os seus delírios serve apenas para escamotear a verdadeira realidade. As políticas de integração são nulas, o realismo sobre o acolhimento está pervertido por emoções ideológicas e o respeito pela dignidade das pessoas é praticamente inexistente. Estamos a usar as pessoas, seja à esquerda como à direita, e não estamos a ser sérios, nem honestos. Estabelecer um número de imigrantes a admitir e impor o respeito pelos direitos básicos de quem é recebido deviam ser a base incontornável de qualquer política séria. Precisamos de realismo e de humanidade. Escancarar as portas para tratarmos as pessoas como escravas ou de modo indiferente, para além das bravatas ideológicas, não é decente. Não basta abrir a porta de casa, é preciso receber bem, tratar bem as pessoas, ou seja, tratar as pessoas como pessoas e que estas saibam estar na casa que os recebe.

Se perante os problemas que existem sucumbirmos apenas a happenings vazios como acusar tudo e todos de extremistas de direita, andar com um cravo na mão, beijar um imigrante, fazer passeatas com ‘slogans’ risíveis, significa que não queremos e não somos capazes de resolver nada. A esquerda que é agora apenas festiva e demagógica abandonou a sua matriz, que era a exigência do respeito pela legislação laboral que protege o trabalho e trabalhador, o cumprimento, neste caso, pelo menos, do pagamento do ordenado mínimo, habitação condigna, acesso à escolaridade, etc. Se estar do lado dos imigrantes significa que todos os que não pensam como eu, são fascistas, não passamos de idiotas úteis de um determinado modelo económico. As passeatas da esquerda são apenas manifestações egocêntricas para a satisfação narcísica de sinalização da virtude. A realidade não é uma música da fase ‘hippie’ de John Lennon. Sempre que perante um problema se acusa alguém recorrendo aos conceitos de “extrema-direita”, “xenofobia”, “racismo”, e se fazem marchas “pró-imigração” e “pela união e diversidade”, podemos ter a certeza que nenhum problema sério foi ou será resolvido e que qualquer imigrante não verá a sua vida melhorar, mas apenas que está a ser usado, e o amanhã será igual ou pior ao hoje.

A ideia que todo o imigrante é bom e vítima, como o oposto, que toda a imigração será má, é inútil para quem defenda políticas sérias e responsáveis. A infantilização maniqueísta do tema “estou do lado dos imigrantes” ou “contra os imigrantes”, é também o melhor modo de deformar qualquer visão realista sobre o problema. Estar do lado das vítimas ou estar contra os maus, significa o quê? O aproveitamento de processos de vitimização ou de diabolização são sempre o melhor modo de falhar, de distorcer a realidade.

Uma evidência básica pouco falada é que esta vaga massiva de imigração para o ocidente tem servido para impor uma nova era de escravatura, agora em sociedades ditas democráticas e a afirmação de um modelo económico degradante, a criação de novos guetos e polarizações insanáveis. Não só os democratas quem têm destruído as democracias negoceiam e passeiam-se com tiranos e cleptocratas de países de onde foge muita gente, como aproveitam essa fuga para sustentar um determinado tipo de modelo económico no ocidente.

Vejamos o que é a realidade sobre a imigração, os verdadeiros problemas, para além das deliberadas ficções mediáticas. Alguns soundbytes mais sonantes dizem-nos que devemos defender os imigrantes porque: “fazem o trabalho que os portugueses não querem fazer”, “são eles que constroem o país”, “sem os imigrantes, por exemplo, muitos restaurantes já tinham fechado”. O patronato e muita gente de esquerda ecoam este tipo de argumento que deve ser interiorizado e repetido pela opinião pública, para legitimar esse modelo.

Essas frases contêm uma parte verdade mas são falaciosas, pois, a conclusão ignora intencionalmente as premissas. Em 2023 Portugal tinha quase meio milhão de estrangeiros empregados por conta de outrem quando esse número em 2014 era de 56 mil. Em menos de dez anos passamos de perto de 400 mil imigrantes para mais de um milhão A mão de obra imigrante duplicou entre 2019 e 2023. Na agricultura e nas pescas, 41% dos trabalhadores são estrangeiros, nos hotéis e restaurantes praticamente um terço e na construção cerca de um quarto. Essa visão superficial e parcelar diz-nos que seríamos um país parado sem essa gente, e desse modo não podemos criticar a imigração. Mas essa visão que é ignorante, serve para ocultar uma realidade dramática. Quantas dessas pessoas recebem o ordenado mínimo, pelo menos? Têm contratos? Os seus direitos laborais são respeitados? Ou são apenas instrumentais para o funcionamento do país?

Muito dessas pessoas, e não nos referimos apenas a Portugal, aceitam pela precariedade das suas vidas submeter-se a condições sub-humanas no ocidente do século XXI. Não estamos no virar do século XX, nem nos anos 60. O essencial, a importância inegociável de respeitar os direitos, desde os mais elementares direitos humanos aos laborais, em muitos casos não é respeitado, não apenas numa qualquer quinta, mas nos mais diversos serviços em que trabalham muitos imigrantes. No caso da restauração, por exemplo, podíamos acrescentar, provavelmente sendo injustos como muita gente: “Sem exploração de imigrantes, os restaurantes já tinham fechado” e “Se os restaurantes pagassem justamente aos seus trabalhadores, não precisariam de tantos imigrantes”. O que é apresentado como uma necessidade, é em muito uma estratégia que permite aumentar lucros à custa dos baixos salários, condições laborais indignas e aproveitando a vulnerabilidade das pessoas. É este modelo económico que tem de ser questionado e não os disparates como o mito da extrema-direita.

O modelo português, que em parte é o europeu, legitima baixas qualificações, baixos salários e a exploração das pessoas mais desprotegidas. Algo que não preocupa as consciências bem pensantes ocupadas com o imaginário do fascismo. O tema está repleto de tabus e armadilhas que impedem que se enfrente a realidade, por exemplo, sim, a criminalidade de facto aumentou bastante e a imigração tem peso, mas não apenas por parte de imigrantes, mas também contra e relativamente a imigrantes. Um alto responsável da polícia portuguesa dizia que a criminalidade já foi pior, havia bombas a rebentar multibancos. Mas não será pior o crime de tráfico de pessoas, o desrespeito pelos direitos humanos elementares e o tipo de exploração laboral em muitas zonas do país? Esta realidade cobre com uma pesada mancha de indignidade o que é hoje o poder político, que falhou e de modo inaceitável e chocante. Um país que assiste numa década a uma tal mutação sociológica não pode ficar apenas por discursos ideológicos sobre bons e maus.

O discurso paternalista e da defesa da vítima da consciência liberal e esquerdista ocidental é deplorável. O principal problema do imigrante não é o racismo e a xenofobia, mas um modelo político e económico que favorece o aumento da miséria e da desigualdade social injusta e a exponenciação do lucro à custa das condições indignas do trabalhador.

No caso português devíamos também questionar o tipo de imigração? Por que não temos imigração diferenciada? Acresce que muitos jovens imigrantes asiáticos que passam por Portugal pela escola, os melhores, têm o projeto de partir de imediato para os Países Baixos, países nórdicos e Canadá. Por cá ficarão os mais pobres, menos capazes, fechados nos seus guetos, nas suas culturas e comunidades sem qualquer projeto de integração ou escolarização, condenados ao desenraizamento e à verdadeira exclusão. A receção dos imigrante no sistema de ensino português é pouco mais que irrelevante. 

As baixas qualificações, a precariedade da vida destas pessoas é uma mina para um determinado modelo económico, o da exploração laboral e dos baixos salários, da mão de obra praticamente escrava em sociedades cada vez mais desiguais. O nosso modelo de integração é também esse, o dos baixos salários que os portugueses já não aceitam.