Com crueza, de “mãos e pés”, Santos Silva, o político que mais tempo esteve em funções públicas em Portugal, que nunca contou votos no interior do PS, o máximo no menor denominador comum, do alto da cátedra, torce a realidade, deixa a imaginação socialista em sobressaltos, na ilusão de que a “coisa” vai começar.
Ano novo, vida nova, caminhada apetecível e bonita, rumo ao “altar” em Belém, juiz em causa própria, em democracia ganha-se e perde-se, sem necessidade de apoucar os adversários, sobretudo quando estes são do melhor do PS.
Recomeçar, uma, duas, três, quantas forem preciso, são as maquiavélicas e hipócritas palavras, soltas na boca, “não cumpre os mínimos” e Ferro apressa-se a pedir primárias, não deixa de ser um curioso quadro de alinhamento.
Ferro foi secretário geral, esquecem que Seguro foi líder parlamentar do PS a seu convite. Seguro foi líder da JS, secretário de estado, ministro, deputado, deputado europeu. Liderou a única reforma no parlamento feita até aos dias de hoje. Um dos socialistas que afincadamente trabalhou ao lado de Guterres para vencer as legislativas de 95, um regresso do PS ao poder depois de longas “noites de escuridão”.
Seguro a secretário geral, venceu eleições autárquicas e europeias. O único que venceu duas eleições sucessivas e não teve a possibilidade de contar votos nas eleições legislativas, exatamente naquelas que o PS até perdeu, passámos da famosa vitória por poucochinho para uma derrota, que só não foi pesada porque deu lugar à famosa geringonça.
Neste tempo assistimos a um PS autofágico, em vez de defenderem o seu património histórico, de se preocuparem em unir o partido, de valorizarem os quadros políticos, de praticarem a solidariedade, sobressai a política de “faca na liga”. Querem-nos convencer de que tudo tem de ser como pretendem. Deveriam realçar a humildade, o distanciamento, o silencio durante dez anos, sempre teve e tem muitos apoios, mas preferem recorrer à arrogância, à intolerância na diferença, sem os mínimos de urbanidade.
Seguro, pelo seu passado e presente, preenche todas as condições para ser candidato à presidência da república, democrata, tolerante, competente, trabalhador, sério, não se deixará envolver em negociatas de circunstância, ou jogos de interesse. Diria, um dos políticos que poderia repetir o calvário da vida sem grande alteração de itinerário.
As presidenciais são candidaturas pessoais, as escolhas quando feitas, particularmente no PS têm por vezes sido turbulentas, recordo as de Mário Soares/Salgado Zenha e Mário Soares/Manuel Alegre, desta vez o secretário geral do PS, publicamente, assumiu que o partido apoiaria inequivocamente um candidato,
Vamos para vinte anos de presidência da república à direita, terminologia política, desta vez, mais uma vez, cumpre-se o sonho do PSD, um governo, um presidente. No PS o autofagismo de alguns corrói os alicerces, vão ao ponto de exigirem primárias, à primeira todos podemos cair, à segunda só cai quem quer. As verdadeiras primárias são a primeira volta das presidenciais.
Pedro Nuno Santos para ter sucesso, tem de observar quem dos socialistas apresenta candidatura, depois analisar quem os portugueses mais preferem e melhor dignifique, sem pedregulhos no percurso, de mãos limpas, a evitarem a caminhada vitoriosa. Desta vez com grande responsabilidade e senso, aproveitando a história das presidenciais de Jorge Sampaio, vamos ter um socialista na presidência.
Ex-Deputado PS