Um mundo incompreensível…

Todos os dias me sinto enganado ao escutar as notícias que me são dadas. Tenho fortes razões para desconfiar das informações que me são facultadas ou que me são ocultadas…

A formação da opinião pública exige acesso total e livre à comunicação e aos dados para que cada homem – individualmente – e cada sociedade – comunitariamente – possa tomar posições esclarecidas. Uma comunicação deficiente gera, seguramente, uma opinião pública deficitária, incompleta e perigosa.

A formação da opinião pública exige, assim, da comunicação, uma isenção na apresentação dos dados, capaz de mostrar aos cidadãos relatos objetivos e claros dos acontecimentos. É evidente que não sou tão ingénuo em pensar que possa haver um relato puro, objetivo e isento dos acontecimentos. No entanto, espero que aqueles que estão ‘investidos’ do serviço da comunicação em todos os meios, me deem os dados fundamentais para que eu possa criar a minha própria opinião.

É natural que jornalistas e comentadores devem não apenas relatar os acontecimentos, mas também devem ajudar a interpretar esses mesmos acontecimentos. É natural, assim, que ofereçam as suas opiniões pessoais e, ainda, os contraditórios, isto é, as opiniões de diferentes pessoas. Uma comunicação enviesada criará uma opinião pública coxa.

Acredito que, ao ritmo a que se geram os acontecimentos, os jornalistas e os comentadores não terão capacidade para verificar os dados que lhes chegam. Isto, no entanto, deveria levar os jornalistas a renunciarem à notícia até que se pudessem apurar os factos ou, melhor, transmitir o limite das informações que nos dão.

Os elementos que a comunicação social me oferece sobre as guerras da Rússia e da Palestina, levaram-me a procurar outras fontes que me ajudassem a compreender os acontecimentos presentes. Procurei, antes de mais, compreender a guerra provocada pela Rússia, lendo A Mais Breve História da Rússia escrita pelo José Milhazes, que é curta e direta. Depois, procurei aprofundar os meus conhecimentos sobre a História da Palestina e do povo de Israel.

A procura de outras fontes dá-me capacidade de confrontar dados e informações que me são dadas. Ter lido a História de Israel, a História da Palestina e ter tido a oportunidade de atravessar os seus territórios a pé e de contactar com as pessoas que ali vivem ajuda-me a enquadrar muitas das informações que me são dadas pela comunicação social.

Tenho, contudo, que dizer que todos os dias me sinto enganado ao escutar as notícias que me são dadas. Tenho fortes razões para desconfiar das informações que me são facultadas ou que me são ocultadas.

O Presidente da Federação Russa, o Senhor Putin, iniciou uma guerra, manipulando a opinião pública, dizendo que queria. Será que nos está a acontecer o mesmo? Mas será que Portugal está a ser invadido por nazis? Estamos a encontrar nazis por todo o lado, ligados à extrema-direita?

O movimento político da causa palestiniana, o Santo Hamas, entra num território inimigo, viola, mata, queima e leva centenas de reféns: ainda lá tem mais de cinquenta. Mas segundo os dados que temos, Israel já matou cinquenta mil palestinianos, incluindo crianças e idosos. É estranho que até ao momento não tenham conseguido matar um único santo do Hamas! Nem um?

Precisamos, tanto, mas tanto de mastigar todos estes números, estes acontecimentos, estas ‘verdades’ que nos chegam todos os dias. Precisamos, mais, ainda, de procurar as escassas fontes que nos permitam ler a realidade e compreender o que se passa.