Um hospital fascista no Seixal

Como pode algum doente ser tratado num hospital que pactua com todos os males que há no mundo?

A CUF acusou a autarquia comunista do Seixal de impedir a construção de um hospital privado por motivos ideológicos. Por sua vez, a autarquia comunista respondeu que a razão da recusa era apenas técnica. Ou seja, os comunistas não são contra a construção de um hospital privado no seu bastião, embora sejam contra a privatização da saúde em geral, desde que o projecto seja reformulado de acordo com as normas da autarquia. A CUF garante que cumpriu essas normas, a autarquia reafirma que não.

Afinal, quem tem razão? A autarquia, obviamente. E é fácil comprovar que a CUF não pretende cumprir as regras comunistas.
A saber: a biblioteca do hospital da CUF não inclui as obras completas de Marx, Lenine e Estaline; o hospital da CUF não condena a agressão da Ucrânia à Rússia; o hospital da CUF não defende a saída da NATO e da UE; e, pior de tudo, o hospital da CUF não renuncia ao lucro.
Para que serve, então?

Como pode algum doente ser tratado num hospital que pactua com todos os males que há no mundo? Como pode haver saúde num ambiente de promoção do imperialismo capitalista fascista neoliberal e reaccionário? O grupo Mello preparava-se para criar um ambiente tóxico no Seixal, muito pior do que a construção de uma central nuclear ou uma exploração de lítio, e a autarquia fez o que lhe competia. Além disso, impediu que os tais quatrocentos postos de trabalho apregoados pelos fascistas dos Mellos se convertessem em quatrocentas vítimas de exploração laboral, sem possibilidade de recorrerem à CGTP, fazerem greve todas as semanas ou sanearem a administração do hospital.
A Luta tem de continuar nos hospitais.

Um hospital onde não há Luta e só se curam doenças, é um retrocesso democrático. Nos hospitais anticapitalistas de Cuba poderá não haver sequer um penso ou uma aspirina, mas a Luta, essa grande conquista revolucionária onde o princípio e o fim se confundem dialecticamente, continua. Lá, a CUF nem se atreve a propor uma barraca de primeiros-socorros na praia de Varadero. E vejam a saúde das moças cubanas comparada com o aspecto doentio dos turistas que as perseguem.
Além disso, quem é que precisa de um hospital no Seixal quando se tem a Festa do Avante? Esse sol que rompe as trevas capitalistas para irradiar luz na Quinta da Atalaia cura todas as maleitas. Nem um pastor evangélico possuído pelo espírito de Edir Macedo curaria tanta gente. Contudo, para quem duvida da panaceia comunista, a Festa do Avante também pode servir de modelo para uma ala psiquiátrica de um hospital da CUF.

Escritor