Lembro-me de, ao longo de toda a minha vida, ouvir falar das guerras de religião. Já li muito sobre os conflitos religiosos nos séculos e até milénios passados. Acredito, porém, que o que estamos a viver no presente e o que iremos viver num futuro muito próximo trará novas luzes à disciplina história. A leitura das guerras do passado terá novas leituras com os dados que estão a imanar no presente.
As cruzadas que parecem ter terminado no século XIII, isto é, já depois da fundação de Portugal, vão, agora, receber uma nova luz para a compreensão do fenómeno. A versão que recebemos na escola é, naturalmente, uma versão muito simplista: as cruzadas foram criadas para espalhar a fé cristã!
Os fenómenos migratórios atuais nada têm a ver com fé ou, pelo menos, com a fé cristã. Aliás, assistimos a um cristianismo “fraco” que têm procurado, com todas as forças, defender a pluralidade europeia. Hoje, na europa, não há uma luta de religiões, mas uma sobreproteção do Islão e um ataque cerrado ao cristianismo. Hoje é pecado ser cristão e virtude ser muçulmano.
Todos nos lembramos do célebre discurso do Papa Bento XVI na Universidade de Regensburg, na Alemanha. O argumento principal é simples: A guerra é contrária à fé, porque, não se pode amar a Deus e defender a guerra. Este argumento é irrefutável para todas as sociedades ocidentais, mas não o é para o Islão.
Naturalmente, a frase mais polémica foi a citada do Imperador Bizantino, Emmanuel Paleólogo numa conversa com um persa sobre o islão e o cristianismo: «Mostra-me também o que trouxe de novo Maomé, e encontrarás apenas coisas más e desumanas tais como a sua norma de propagar, através da espada, a fé que pregava». Daqui se pretendia deduzir que não pode haver compatibilidade entre a fé e a jihad.
Esta frase tornou-se uma rasteira para que todos conhecêssemos o mundo islâmico. Os muçulmanos estavam diante de um dilema: calar-se e não reagir ao discurso, mostrando que o Islão é uma religião de paz e que aquelas palavras são uma mera fantasia do imperador bizantino, ou, então, manifestar-se contra aquelas palavras, mostrando a sua indignação. Todos sabemos o que se sucedeu: as manifestações multiplicaram-se em todo o mundo, queimando não apenas bandeiras ou embaixadas do vaticano, mas perseguiram cristãos e destruíram Igrejas.
Olhando para os fatos históricos antigos e recentes, longínquos e próximos, não temos a menor dúvida sobre o que irá suceder no futuro. O Islão, por onde passou, nunca permitiu uma pluralidade religiosa e muito menos secular. Por onde passou, o Islão absorveu (para não dizer outra palavra) toda a cultura concorrente. O Egipto era um país de cristãos coptas, hoje não existirá mais do que um punhado de paróquias. Onde está a maioria cristã do Libano? Ou os cristãos da Síria e do Iraque? E de Belém, na Palestina, onde se encontra a sua maioria cristã?
Teorizámos a educação como a base de uma convivência plural. Vemos que a Organização das Nações Unidas (ONU) tem a seu cargo toda a educação na Palestina. Como podemos pensar que ao final de décadas haja crianças que cresçam a acreditar em mentiras e a inventar histórias? Como podemos admitir pagar a agências da ONU sem que tenham conseguido criar uma sociedade tolerante. Se ao final de quatro gerações não conseguiram formar uma nova mentalidade, ou a educação falhou ou estamos a antever o nosso futuro.