Os avós são preciosos

Todos ocupamos um lugar especial na vida uns dos outros e o dos avós não é substituível. É um lugar muito querido e único, que deixa marcas eternas e preciosas.

Para muitas crianças, enquanto os pais estiveram a trabalhar durante uma grande parte das férias escolares, os avós representaram não só uma enorme ajuda, mas um precioso benefício.

Se há poucas décadas era habitual as crianças irem para casa dos avós durante parte do verão, hoje não só as escolas estão abertas durante um período maior, fechando geralmente só durante o mês de agosto, como a oferta de tempos livres é bastante mais vasta.

No entanto, nem os programas mais exóticos superam o tempo passado com os avós.

Para aqueles que já estão longe de horários e obrigações, o tempo e a disponibilidade parecem expandir com o calor. Os avós não são para os netos o que foram para os filhos e a relação é necessariamente diferente.

Depois de uns bons anos de pausa sem crianças e muitas vezes com saudades da sua alegria, os avós dedicam-se aos mais pequenos de uma forma única. Às vezes como se fossem outros. Não só estão cientes de que a vida passa demasiado depressa, como têm uma disponibilidade e tolerância ímpares e dispõem de bens preciosos a que a maioria dos pais não tem acesso: um tempo quase infinito e poucas obrigações urgentes. Para os avós, o tempo passa mais devagar, com menos compromissos, pelo que vivem a um ritmo mais leve, que os deixa mais disponíveis.

Por outro lado, os netos vão com um ‘v de volta’, o que permite aos avós a tranquilidade de saberem que irão recuperar o tempo de descanso e regressar às suas rotinas num dia que se vislumbra próximo no horizonte. Também por essa razão, dão tudo o que podem para aproveitar ao máximo esses dias em conjunto.

Ainda com o enorme bónus de não terem de se preocupar com questões de educação ou com aquilo que os possa ‘estragar’.

Quando estão nos avós, as crianças são tratadas como príncipes. São mimadas do início ao final do dia, comem o que mais gostam, têm quase tudo o que desejam, são quase sempre compreendidas e as birras duram pouco, porque são contornadas sem receio de abrir precedentes.

Todos nos lembramos dos nossos avós com carinho. Da voz meiga, das histórias que contavam, das músicas que cantarolavam, das brincadeiras, do colo, das refeições bem confecionadas ou dos bolos docinhos. Todos ocupamos um lugar especial na vida uns dos outros e o dos avós não é substituível. É um lugar muito querido e único, que deixa marcas eternas e preciosas.

É delicioso ver avós e crianças a andar pela rua de mão dada, no seu passo vagaroso. As crianças a acompanhar delicadamente os avós, às vezes aos pulinhos, quando não conseguem conter a energia. Imagino sempre de onde vêm e para onde irão. O entusiasmo das pequenas coisas – ir à mercearia, ao parque ou simplesmente dar um passeio – sobretudo, o simples prazer de estarem juntos. Caminhar de mãos dadas e sentir o prazer do forte aperto daquela mão pequenina. A simplicidade da vida entre duas gerações tão distintas e, ao mesmo tempo, tão próximas.

Impedir esta relação é não só privar os avós da oportunidade de se revigorarem com a energia, as necessidades, a doçura, a brincadeira e o afeto das crianças, redescobrindo uma energia que achavam perdida, como negar às crianças a possibilidade de criarem um conjunto de memórias queridas e especiais. Impedi-las de viver esta ligação tranquila, com menos regras, cheia de amor, atenção, mimo e de pequenas exceções. Uma relação que nos marca e deixa saudades para toda a vida.