Em 2024 descobrimos Manel Baer na ModaLisboa, um talento emergente e que nessa edição vestiu vários convidados com as suas criações. Enquanto (ainda) não o vemos a apresentar uma coleção na Semana de Moda ao lado de designers nacionais, como Luís Buchinho ou Carlos Gil, a sua criatividade conquista outros palcos.
O objetivo das coleções até hoje lançadas por Manel Baer, de apenas 24 anos, é colocar o ser humano em harmonia com a natureza, aliando uma estética contemporânea e inclusiva. EQUINOX e SOLSTITIUM são bons exemplos disso, integrando uma trilogia em que a terceira parte está prestes a ser lançada e vai «refletir sobre o impacto humano na natureza e o futuro incerto que temos de enfrentar».
Em entrevista, o jovem designer fala da vontade de inovar nesta indústria e da ambição de levar a marca homónima aos mercados internacionais.
Como? Criando e apresentando cada coleção como se fosse um espetáculo.
O que mudou no Manel Baer designer desde que a marca homónima foi criada?
Quando criei a marca em 2022, tinha uma visão mais experimental, muito ligada à procura de identidade. Experimentei várias vertentes da indústria para consolidar todo o trabalho atual da marca. Hoje, sinto que eu e a marca temos crescido juntos: tornei-me mais confiante, mais consciente do impacto que quero ter e mais focado em criar uma linguagem própria em harmonia com o ser humano e a natureza. Mantive a essência inicial, mas agora com uma direção clara: unir moda, arte e sustentabilidade de forma inovadora, consciente e para as pessoas.
Como definir o estilo e a missão da marca?
Diria que o estilo da marca tem-se vindo a formar numa estética jovem, queer, sustentável e disruptiva. Gosto de cruzar contrastes: o conceptual com o comercial, o artístico com o usável. Há sempre uma ligação à natureza e ao ciclo da vida, mas traduzida numa estética contemporânea e inclusiva. É uma moda em que o seu intuito não é só vestir corpos, mas também provocar emoções e criar narrativas.
Que estratégia de marca está a ser pensada e em que fase está a Manel Baer?
Depois de EQUINOX e SOLSTITIUM, que foram o inicio da nova etapa da Manel Baer e que refletiram toda a identidade da marca e uma janela aberta para o futuro da marca, estou a preparar a terceira parte desta trilogia, que reflete sobre o impacto humano na natureza e o futuro incerto que temos de enfrentar. Paralelamente, estou a trabalhar na expansão nacional e internacional da marca, tanto através de várias experiências e eventos que irão acontecer este ano, como do lançamento de uma nova coleção cápsula. Tudo isto irá fazer parte de um rebranding interno e externo da marca e de uma introdução a uma nova etapa.
Desde a fundação, que momentos têm sido vividos como grandes conquistas?
A marca já conseguiu afirmar-se no circuito independente, trazendo desfiles-espetáculo que unem moda, performance e música, sempre com equipas jovens e criativas. Conseguimos atrair atenção mediática, vestir artistas em eventos de grande visibilidade e criar uma comunidade que acredita nos mesmos valores. Para mim, o maior patamar atingido até agora é esta credibilidade – provar que é possível fazer moda sustentável e conceptual em Portugal com impacto real.
Há uma coleção recente que nos quer levar a uma reflexão importante…
A novidade mais recente foi a apresentação de SOLSTITIUM, uma coleção que celebra o solstício de verão e que se divide em duas partes: uma linha ready-to-wear, fresca e vibrante, e uma linha couture, conceptual e inspirada em criaturas místicas da natureza. Tive o prazer de trabalhar com um grupo de dançarinos super talentosos e uma artista musical que se alinharam perfeitamente com o conceito e visão do projeto e da marca. O foco é dar continuidade a essa narrativa com este novo ato final da trilogia, que será mais sombrio, crítico e questionador, refletindo o que acontece quando o equilíbrio da natureza é quebrado.
E sobre o futuro. E sobre os sonhos. O que esperar da marca?
Vejo o futuro da Manel Baer como um cruzamento entre moda, espetáculo e comunidade. Quero expandir a marca internacionalmente, transformar as coleções em experiências que possam viajar e ser apresentadas em diferentes contextos culturais. Quero também consolidar uma linha comercial forte, com peças-chave acessíveis, enquanto continuo a investir na vertente artística e conceptual. Acima de tudo, quero que a marca seja vista como um movimento criativo jovem, queer e sustentável, que redefine a forma como pensamos e consumimos moda.