O elevador da Glória tem falhas de conceção insuportáveis no século XXI, tal como os outros funiculares antigos de Lisboa (Lavra e Bica). Todos são desprovidos de travões de emergência dignos desse nome.
Enquanto os funiculares da sua época, sem exceção em todo o mundo, beneficiaram de reformas para aumentar a proteção da vida humana, em Lisboa aconteceu o contrário. Quando o Glória foi eletrificado, em 1915, perdeu a cremalheira, roda com poderosos espigões que o segurava a uma calha dentada.
Até agora, não apareceu uma única prova de que alguém, na Carris, na Academia, nos jornais, na Câmara Municipal ou na Assembleia da República tivesse chamado a atenção para o problema, nos últimos 100 anos.
Culpar Carlos Moedas ou Fernando Medina é baixa política, sem qualquer sentido.
O que se deverá fazer, no próximo mandato, aos funiculares e aos elétricos históricos de Lisboa, que também se desfazem contra os prédios por falta de tecnologias de defesa dos passageiros? É um tema urgente, mas não há candidatos interessados nele.
A relação das empresas municipais com a Universidade é outro assunto crítico. Também não há candidatos para isso.
Vamos entrar na campanha eleitoral com a demagogia a alimentar uma mistificação.
Sem espaço para debates sérios sobre habitação, higiene urbana ou mobilidade.
Nenhum candidato fala da vulnerabilidade extrema das creches, escolas, hospitais e de milhares de edifícios de habitação da capital ao próximo grande sismo.
Se os candidatos já têm 16 mortos para fazer política, por que haviam, agora, debater eles os mortos evitáveis do futuro? Deixam isso aos que por cá andarem, quando Lisboa acordar outra vez de rastos, como em 1 de novembro de 1755.