As mães são cada vez mais atentas, dedicadas e preocupadas. Estão mais presentes e informadas, são mais devotas e empáticas. Tentam a todo o custo ser perfeitas e, se isso não for possível, tentam, pelo menos, garantir um lugar no pódio entre as melhores mães do mundo.
Às vezes levantam-se de madrugada para prepararem o almoço que vai na lancheira para a escola, mesmo depois das típicas noites atribuladas e mal dormidas. Dividem-se em duas, três ou quatro para trazerem os filhos da escola, deixarem-nos nas atividades, passarem no supermercado e prepararem o jantar, para depois os irem buscar, tratarem do banho e deixarem tudo preparado para o dia seguinte. Ganham cabelos brancos quando os ajudam a fazer os trabalhos de casa ou têm de lidar com as birras mais estridentes ou pedidos inusitados.
E preocupam-se muitíssimo: porque os filhos lhes parecem demasiado sozinhos ou porque andam com más companhias; porque estão mais cabisbaixos ou passam demasiado tempo fechados no quarto; porque estudam pouco, ou porque são demasiado responsáveis; porque terminaram o ciclo, porque estão prestes a iniciar outro ou porque ficaram tristes ao serem deixados na escola de manhã. Preocupam-se quando eles estão doentes ou quando se magoam.
E, além de um poço de preocupações, as mães também são um poço de culpa. Mesmo quando carregam o mundo às costas e se desdobram para responder a todas as necessidades e solicitações dos filhos. Quando tentam, a todo o custo, ser perfeitas, mas no fim… há qualquer coisa que escapa. Porque se esqueceram da reunião de pais, porque perderam a paciência ou porque, enquanto faziam o jantar com o bebé ao colo e davam de comer ao cão, não conseguiram acompanhar com rigor o último episódio das aventuras da filha com as amigas.
Muitas vezes insistimos em viver na sombra da perfeição. Como se existisse dentro de nós uma espécie de juiz interno que nos avalia constantemente e nos compara com aquilo que acha (ou que achamos) que devia ser o ideal. E quanto mais exigente for o nosso juiz, mais nos vamos sentir aquém das suas expectativas, mesmo que estejamos (e estamos, com certeza) a fazer um excelente trabalho.
Mas como seria possível preparar os filhos para um mundo imprevisível e imperfeito com mães perfeitas? As mães não conseguem, nem devem, ser perfeitas. Nem os filhos precisam de mães assim. Precisam de mães reais, calorosas, espontâneas e autênticas. Que se preocupam, que acolhem, que acompanham, que conversam, que abraçam e que estão presentes. Que fazem o seu melhor, ainda que possam falhar uma e outra vez, que se zangam, que nem sempre têm uma paciência inesgotável nem a resposta certa, mas que nunca desistem de a procurar.