Neste hotel, a neta rebelde faz-nos ficar para dormir com vista para o Douro

Tudo no Forte de Gaia, Autograph Collection, é pensado ao pormenor, dos quartos à carta do novo restaurante

Nini Andrade Silva habitua-nos mal. Depois de conhecermos o trabalho de excelência no Kimpton Atlântico Algarve, percebemos que aquela que é uma das mais conceituadas designers de arquitetura de interiores no universo hoteleiro volta a surpreender com o recente projeto no Forte de Gaia, Autograph Collection. Trata-se de um hotel de luxo, com 5 estrelas, em que Nini nos convida, como já é costume, a mergulhar num universo de criatividade e interpretação através das cores e da arquitetura.

O novo hotel fica num edifício que em tempos funcionou como armazém de Vinho do Porto, a Real Companhia Velha, tendo passado em 2020 a The Lodge Wine & Business e, mais recentemente, para a marca Autograph Collection by Marriott International.

Com a transição que se deu no primeiro trimestre de 2025, o hotel ganhou uma nova vida, não esquecendo as suas origens, o vinho, presente em toda a decoração. As carpetes que percorrem o hotel representam o vinho a fluir pelo terroir, os tons de azul por toda a parte remetem-nos para a película da uva que tinge os vinhos tintos, e as variadas estruturas em madeira levam-nos a pensar nas barricas onde o vinho fermenta.

Cada pormenor tem uma história por detrás e não é diferente nos 119 quartos, incluindo cinco suítes (suítes e suítes júnior) e duas signature suítes. No total existem oito tipologias, sendo a mais especial a signature suíte, que sabe a casa.

Por ela já passaram figuras de renome, incluindo jogadores de futebol portugueses bem conhecidos, que conseguiram viver discretamente nesta espécie de apartamento. Tem uma lareira, um mini ginásio, amenities Jo Malone, uma cortina cenográfica no quarto que permite black out total e uma kitchenette no piso de baixo.

Quanto à vista é, como seria de esperar numa signature suíte, privilegiada, para o Rio Douro e para a cidade do Porto.

Esse mesmo privilégio tem quem ficar num dos 40 quartos com vista rio que estão localizados no 5.º, 6.º e 7.º pisos do hotel. Para além de o rio como pano de fundo, acorda-se com os mimos dos amenities L’Occitane e um café Nespresso à janela.

Renata, a rebelde com classe

Depois do pequeno-almoço, não precisamos de pedir permissão à meteorologia para ir até à piscina, uma vez que está aberta durante todo o ano, sendo a temperatura da água adaptada a cada estação. Já no bar da piscina, é possível pedir um cocktail ou algo para petiscar.

Para quem quer juntar alguma aventura à estadia, deixamos uma sugestão, ir até ao BB Douro, na Marina da Afurada, e partir num passeio de barco à vela que põe à prova as nossas habilidades. Puxar cabos (e não cordas ou cordões) e deixar o vento guiar-nos pelo rio e até mesmo para bem perto do mar a bordo desta parceria com o Forte de Gaia, Autograph Collection.

O final de tarde é o melhor momento para desfrutar do Bar Roxo, com cocktails clássicos com um twist de vinho e Vinho do Porto. Provámos o Pink Mojito, com Vinho do Porto rosé, hortelã, lima e água com gás (€11), cocktail este que enaltece o melhor dos Vinhos do Porto, com a suavidade e frescura que só a hortelã consegue dar. É também neste espaço que todos os dias acontece um momento especial pelas 18h, a abertura de uma garrafa de Vinho do Porto a fogo, espetáculo que inclui degustação sem qualquer custo.

Do Bar Roxo seguimos para o jantar, no restaurante Renata – Restaurant & Terrace, o novo nome do restaurante do Forte de Gaia, Autograph Collection. Antigamente chamava-se D. Maria, nome que prestava homenagem a todas as Marias de Portugal, sendo agora Renata, a neta rebelde que «foi conhecer sabores que a avó não conheceu, de países de língua portuguesa», explicam-nos, misturando-os com os sabores mais tradicionais.

A experiência começa com o couvert, com pão de massa mãe, azeite e flor de sal de Aveiro com vinho tinto, seguido das entradas. Para a mesa vieram as Esferas de Ervilhas e Arjamolho (€12), as Pataniscas de Bacalhau (€14) e o Escabeche de Sardinha (€12), um início bem completo que foi harmonizado com um vinho branco natural, o Soalheiro Nature Alvarinho Bio 2024, que revela uma grande acidez, tendo um palato diferenciador.

Seguiram-se os pratos principais e tivemos oportunidade de explorar o Polvo à Lagareiro (€39), que é particularmente diferente daquilo a que estamos habituados. Em vez de tostado e emerso em azeite, é-nos servido um tentáculo de polvo grelhado com especiarias no centro de um molho de pimentos assados. Tudo isto acompanha com batata olho de perdiz caramelizada.

À Renata temos a dizer que é uma rebelde com olho para a cozinha. Já os vinhos ficam a cargo do sommelier do restaurante, que escolheu para este momento um Quinta Dona Sancha Cerceal Branco do Dão.

A Renata guarda ainda outras surpresas na carta, como a seleção de quatro queijos nacionais que se podem pedir como entrada ou sobremesa, e as sobremesas doces, como o Pastel de Nata, uma recriação do clássico que se faz acompanhar de gelado de canela e caramelo salgado (€12).

Hóspedes e não hóspedes podem experimentar o restaurante Renata – Restaurant & Terrace ou participar no evento Wine Social Club, que se realiza numa das salas do hotel, a Sala dos 30, e acontece a cada dois meses. O evento junta dois produtores de vinho e um Chef a cozinhar ao momento os pratos que melhor harmonizam com cada vinho, tendo um custo de €75 por pessoa (valor já com vinhos).