Do simbolismo à governabilidade

Ganhar nos cinco maiores concelhos do país é mais do que um feito eleitoral. É uma afirmação clara de que os portugueses confiam no PSD para governar com competência, mesmo nos contextos mais exigentes.

As eleições autárquicas de 2025 vieram consolidar um novo ciclo político que já se tinha iniciado no ano passado. O PSD regressa à liderança no poder local com mais câmaras, mais eleitos e mais capacidade de influência, desde logo pela liderança que vai assumir na Associação Nacional de Municípios.

Ganhar nos cinco maiores concelhos do país é mais do que um feito eleitoral. É uma afirmação clara de que os portugueses confiam no PSD para governar com competência, mesmo nos contextos mais exigentes. Qualquer um destes concelhos lida com temas complexos como o acesso à habitação, a integração de imigrantes, a pressão demográfica e as necessidades de investimento em sistemas de mobilidade urbana.

Mais do que os números, importa agora garantir boas condições de governabilidade. O poder autárquico é, por definição, um poder de proximidade. Exige respostas concretas aos problemas reais das populações e uma capacidade de diálogo que privilegie a estabilidade e a eficácia.

A conquista das cinco maiores cidades do país, ou de seis em dez, incluindo o regresso do PSD à Câmara Municipal do Porto com Pedro Duarte e a recondução de Carlos Moedas em Lisboa com um resultado reforçado, vai para além do simbolismo. Representa uma consolidação real em Lisboa e o regresso a centros urbanos tradicionalmente difíceis para o partido, como Sintra ou Vila Nova de Gaia.

É verdade que muitas vitórias, tanto do PSD como do PS, foram obtidas por margens curtas e sem maiorias absolutas. Isso exigirá um estilo de governação mais dialogante. Neste sentido, Pedro Duarte já deixou claro que não haverá acordos de governação no Porto, mas fez questão de elogiar Manuel Pizarro, num sinal de abertura ao diálogo. Carlos Moedas seguirá uma estratégia semelhante, procurando entendimentos caso a caso ao longo do mandato.

Ainda assim, no poder local não se deve excluir ninguém à partida. As dinâmicas autárquicas são muito diferentes das nacionais. O PS contou com o PCP ou o BE em vários executivos e o PSD fez o mesmo em ciclos anteriores. Coimbra é apenas um dos exemplos. Também não será de estranhar que, caso a caso, possam existir entendimentos com vereadores eleitos em listas do Chega. Em muitos municípios, são cidadãos independentes que se apresentaram a eleições por essa via. Cabe responsabilizar politicamente o Chega e escrutiná-lo câmara a câmara e junta a junta.

Apesar das expectativas criadas, o Chega foi o grande derrotado da noite eleitoral. André Ventura apontava para 60 câmaras. O partido ficou-se por apenas três. E muito longe dos 1,4 milhões de votos obtidos nas legislativas.

O sinal político é claro. O PSD voltou a ser a força hegemónica no poder local. Não se trata de uma hegemonia absoluta, mas é uma inversão face ao ciclo anterior. O partido entra neste novo momento com mais músculo territorial, político e institucional.

Eurodeputada do PSD