NBA. Rivalidades que conquistam o mundo

A NBA não é apenas um desporto, faz parte da cultura dos EUA e é seguida por milhões de pessoas em todo o mundo. A temporada regular promete ser emocionante, com os ‘gigantes’ de mãos de veludo a alimentar rivalidades históricas. O português Neemias Queta joga para reconquistar o anel de campeão

A National Basketball Association (NBA) é a principal liga profissional de basquetebol da América do Norte. É considerada uma competição moderna, diversificada e com uma visão inovadora do negócio. Contudo, há poucos dias, foi apanhada na trama das apostas desportivas ilegais organizadas pela mafia italo-americana La Cosa Nostra, num esquema «que lembra um filme de Hollywood», nas palavras do FBI. 

Terry Rozier, base dos Miami Heat, Chauncey Billups, treinador dos Portland Trail Blazers, e Damon Jones, ex-jogador e amigo de LeBron James, foram detidos por, supostamente, fazerem parte de uma rede de apostas ilegais baseada em informações confidenciais e manipulações de jogos. O FBI fez também saber que quatro equipas: Los Angeles Lakers, Charlotte Hornets, Portland Trail Blazers e Toronto Raptors, estão a ser investigadas no âmbito das apostas ilegais. 

Apesar deste escândalo desportivo, a temporada regular continua com 30 equipas – 29 americanas e uma canadiana (Toronto Raptors) –, sendo15 da Conferência Este e 15 da Conferência Oeste. Cada equipa vai disputar 82 jogos em pavilhões quase sempre lotados para ver as superestrelas, alguns veteranos lendários e jovens em ascensão, que levam os fãs à loucura com lances de pura magia e jogos emocionantes. Não admira, por isso, que a melhor liga de basquetebol do mundo tivesse, em 2024, uma média de 18.147 espetadores por jogo, o que representa 97% da capacidade dos recintos, e ainda mais impressionante é que 22,3 milhões de pessoas assistiram, ao vivo, aos jogos.

As seis melhores equipas de cada conferência classificam-se para o playoff, as equipas entre o 7.º e o 10.º lugar disputam o playin, que garante mais duas vagas. O playoff é a eliminar, por isso os jogos ganham maior intensidade. A primeira equipa a vencer quatro partidas avança para a fase seguinte. Os campeões das conferências Este e Oeste defrontam-se nas finais, à melhor de sete jogos. 

Ao contrário do que acontece na Europa, cada partida tem quatro períodos de 12 minutos, o que totaliza 48 minutos. Juntando o tempo dos intervalos e as seis pausas técnicas, cada jogo pode durar aproximadamente duas horas e meia. Além disso, a linha de arremesso de três pontos na NBA é mais distante 50 cm do que nas outras ligas.

Elite mundial

A NBA é a liga onde todos querem jogar. A temporada 2025/26 regista um recorde de 135 jogadores estrangeiros, de 43 países, sendo 71 europeus. LeBron James (Los Angeles Lakers) continua a fazer história ao disputar a 23.ª época, ao passo que Nikola Jokic (Denver Nuggets) permanece como uma referência e é considerado o jogador mais completo da NBA. Há outros nomes que garantiram um lugar entre os ‘gigantes’ das arenas, casos de Anthony Edwards (Minnesota Timberwolves), Victor Wembanyama (San Antonio Spurs), Luka Doncic (Los Angeles Lakers), Giannis Antetokounmpo (Milwaukee Bucks), Stephen Curry (Golden State Warriors) e Shai Gilgeous-Alexander (Oklahoma City Thunder). 

A tradicional sondagem da NBA realizada no início da época aponta os Oklahoma City como principais favoritos. Mas há outras equipas que podem lutar pelo título, caso dos Cleveland Cavaliers, Denver Nuggets e New York Knicks. O Oklahoma City começou a defesa do título com oito vitórias e lidera a conferência Oeste. No lado Este, os Chicago Bulls comandam com seis vitórias e uma derrota. Após duas semanas de temporada regular, pode dizer-se que a liga está mais ofensiva e o jogo mais rápido. A Conferência Oeste apresenta o melhor power ranking da competição, com sete equipas no top 10, cinco delas estão nos seis primeiros lugares.

As cores nacionais estão presentes na melhor competição do mundo com o internacional Neemias Queta. É a quinta temporada do poste português nos Boston Celtics, a equipa mais titulada da NBA, com 18 anéis de campeão, onde vai receber 2,3 milhões de euros. Até ao momento, jogou em cinco dos oito encontros, fez 108 minutos e marcou 38 pontos. Os Celtics tiveram um início de época complicado, com apenas três vitórias em oito partidas. O treinador dos Celtics, Joe Mazzulla, acredita que Neemias Queta pode ganhar a titularidade. «Não é fácil e nós vamos ser duros com o Neemias, mas foi para isso que ele trabalhou a vida inteira, para ter a possibilidade de ser titular dos Celtics», afirmou o técnico. Todos os jogadores passam de rookies para a quarta opção, depois para suplente e, em determinado momento, para titular. «Penso que ele tem capacidade para isso. É preciso tempo, mas já mostrou do que é capaz. Está connosco há dois anos e tem melhorado. Só tem de manter o nível», disse.

Este ano não houve transferências sensacionais, a mais significativa foi a passagem de Kevin Durant do Phoenix Suns para o Houston Rockets. De salientar que as contratações na NBA respeitam o sistema draft. As equipas pior classificadas na época anterior têm prioridade na escolha dos jogadores que se destacaram nas universidades ou em ligas internacionais. Além disso, existe o Salary Cap, que funciona como um teto salarial para impedir que as equipas mais poderosas gastem demasiado em contratações.

Fenómeno esmagador

A NBA gera anualmente milhões de euros em receitas, tendo algum impacto na economia norte-americana. Os últimos dados (2023/24) indicam que as receitas globais atingiram os 11,3 mil milhões de euros dos direitos televisivos, patrocínios, bilhética e merchandising. O setor financeiro é o que mais investe com 247 milhões de euros, seguido pelas empresas tecnológicas, com 122 milhões.

Ninguém fica indiferente à NBA e as audiências nos EUA são esmagadoras. A época passada, a audiência média por jornada foi de 1,5 milhões de espectadores e os jogos realizados no Natal tiveram uma média de 5,2 milhões de espectadores. O sucesso desta competição refletiu-se também nas redes sociais, com mais de 500 milhões de visualizações de vídeos nas plataformas digitais da liga e mais de 100 milhões de seguidores no Instagram e Tik Tok. Em 2024, a liga gerou um retorno de 731 milhões de euros para os patrocinadores em todas as redes sociais, a NFL (futebol americano) ficou-se pelos 265 milhões. Mais recentemente, converteu-se à Inteligência Artificial (IA) para análise dos jogos, fornecendo conteúdos exclusivos e interativos aos fãs que tenham o NBA League Pass. Foram criadas também novas plataformas e formatos de entretenimento capazes de atrair novos públicos como a Geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010).

A NBA regressou à China, após uma ausência de seis anos. Em outubro, foram realizados jogos de pré-época em Macau. O soft power americano convenceu as autoridades de Pequim e as agências de marketing estão a espalhar pelas redes sociais chinesas conteúdos e coreografias espetaculares com alguns jogadores da NBA. Recorde-se que a liga profissional foi proscrita pelo Império do Meio após o tweet de apoio de Daryl Morey, treinador do Houston Rockets, aos manifestantes pró-democracia de Hong Kong, em 2019. Essa rutura custou, pelo menos, 257 milhões de euros à NBA. Depois da reconquista da China, a liga pretende levar o campeonato à Índia e ao Médio Oriente, e tem 17 escritórios espalhados pelo mundo.