Amizades marcantes 

Não desprezem o valor da amizade, não a adiem por trabalho, por medo, por preguiça, por comodismo. Porque chegará um momento em que vocês se arrependerão. Uma das poucas coisas que me consolam da porra da velhice é a maravilhosa sensação de celebrar anos de amizade com meus amigos.

Amigos marcantes são aqueles que deixam uma marca significativa na nossa vida, seja através de momentos inesquecíveis, conselhos valiosos ou simplesmente por serem uma presença constante e positiva. São amizades que nos inspiram, nos apoiam e nos fazem crescer. Criam memórias.

No ambiente mediático actual, em que “grita mais alto quem diz a maior enormidade” e os conteúdos rápidos dominam o consumo de informação.

Um mundo em que o TikTok faz e desfaz celebridades de um minuto para o outro. Um mundo em que triunfam os vídeos curtos, as bocas nas redes sociais e as mensagens instantâneas, porque já ninguém tem paciência para ler um artigo de jornal do princípio ao fim. Um mundo cheio de luzes de ecrãs e de algazarra, excessivo e frenético. Mas que, sem a garra e a criatividade de cada um de nós  fica também mais cinzento e aborrecido.

Existem muitas definições diferentes de amizade, todavia eu presto uma homenagem comovente à Amizade a esse sentimento, que, de qualquer forma, para mim é como o cimento da vida. 

“Em vez de viver com amantes e sair com amigos, deveríamos viver com amigos e sair com amantes”. Rosa Montero disse esta piada provocatória. Se calhar tem razão. Eu não seria nada sem amigos.

Há algo na amizade, nessa construção lenta, tenaz e atenta de um relacionamento com o outro, que me parece, em termos gerais, mais básico e autêntico do que aqueles relacionamentos cheios de expectativas, interesse, miragens e fantasmas. Certamente acredito que a melhor coisa que já consegui fazer, o meu maior sucesso na vida, é ser amigo. Não faço muito para ter amigos. Acontece.

Essa é outra rotina equivocada em que muitas pessoas caem: dedicam todos os seus esforços ao trabalho, ao reconhecimento profissional, à conquista de dinheiro ou poder, e negligenciam aquele outro aspecto, modesto e aparentemente inútil, de entrelaçar suas emoções com as dos outros, de descobrir a íntima zona incógnita de estranhos, que acabam sendo o meu ser e a minha vida.

Na minha idade, vou-me permitir a dar um conselho aos mais jovens: não deixem que as preocupações e a correria da vida vos façam perder as vossas prioridades. Não desprezem o valor da amizade, não a adiem por trabalho, por medo, por preguiça, por comodismo. Porque chegará um momento em que vocês se arrependerão. Uma das poucas coisas que me consolam da porra da velhice é a maravilhosa sensação de celebrar anos de amizade com meus amigos. O luxo de crescer perto deles, vivências e momentos inesquecíveis. Ter um passado compartilhado é um privilégio.

Um amigo é alguém que faz de mim uma pessoa melhor.

Autenticidade é a verdade sobre si mesmo. Não aprecio falsidade e aproveitamentos de todo o género.

Eu vivo de bem comigo próprio, sou verdadeiro. Procuro agir de acordo com o que acho correcto sem ligar a imposições exteriores, de religião, política ou outrem.

Tenho uma relação difícil com a verdade, mas lá vou. Durmo com a consciência tranquila.

Fundador do Clube dos Pensadores