O coração acelera, as mãos começam a suar, as palavras atropelam-se e na cabeça instala-se a pergunta inevitável: ‘E se eu errar?’.
É isto que sentem muitos jovens quando têm de apresentar um trabalho, falar em grupo ou responder a uma questão colocada pelo professor. Como se fossem empurrados para um trapézio sem rede, onde um tropeção significasse a queda, irreparável.
O receio de falhar, de ser julgado ou de não corresponder às expectativas é cada vez mais evidente nas salas de aula e com ele a ansiedade, companheira inseparável da insegurança.
O medo não é só da sala de aula, é um medo do mundo, do olhar do outro, da crítica, não só do que possam dizer, mas do que imaginam que possam pensar sobre eles, da opinião que irão formar e de como essas fantasias acabam por moldar uma imagem interna, por vezes distorcida. Como se a sua identidade se pudesse alterar a cada passo em falso, a cada crítica ou erro.
Para os mais inseguros é quase inevitável a presença daquele diabinho incómodo que se aproxima do ouvido e sussurra: ‘Não és capaz… já viste como te olham? O que estarão a pensar de ti? Consegues ouvi-los a rir?’.
E, desta forma, por vezes simples apresentações transformam-se no palco das inseguranças mais profundas.
Os jovens de hoje estão mais expostos, mas, simultaneamente, têm menos prática nas relações presenciais. Não só herança dos longos meses de confinamento, mas também do que ele impulsionou – uma convivência mais mediada por ecrãs, menos espontânea, com menos oportunidade para o diálogo, para resolver conflitos ou para a cooperação. Sem este treino, o encontro com o outro pode tornar-se mais ameaçador, sobretudo quando implica uma avaliação. Até uma pergunta inesperada em sala de aula pode ser sentida como uma exposição excessiva, sem sequer ter possibilidade de amparo pela inteligência artificial.
Atrás dos seus pequenos ecrãs, dentro e fora da escola, os jovens têm uma vida interna intensa que se vai acumulando silenciosamente, com pouco espaço para o pensamento, para o diálogo ou para a expressão segura.
Ao mesmo tempo, parece haver mais pressão para a apresentação perfeita do que para falar sobre o medo da exposição, sobre a ansiedade que sentem ou o desconforto, o que seria essencial não só para a sua formação e bem-estar académico mas também pessoal.
Não são jovens frágeis. São jovens que se sentem excessivamente observados e avaliados, que sentem que têm de corresponder a expectativas elevadas enquanto, muitas vezes, carregam sozinhos os seus enormes fardos de incertezas e inseguranças.