o bastonário marinho pinto, que se recandidata, foi categórico ao defender que fará tudo «para fechar as portas da ordem dos advogados e só escolher os melhores», reiterando a necessidade de haver um exame de acesso à ordem, no debate com os outros candidatos, luís filipe carvalho e fernando fragoso marques, que se realizou no seixal.
«não estou preocupado com os jovens que estão à espera de entrar na profissão, mas com os que já entraram e estão desesperados», afirmou marinho pinto, que disse que este ano não deverá haver cursos de estágio organizados pela ordem, uma vez que não estão concluídos os concursos públicos para formadores.
o actual bastonário referiu que a formação de advogados por parte da ordem e a criação de escolas de direito nos anos 80 foram «negócios de milhões», referindo que hoje as universidades «vendem médias em que ninguém acredita».
luís filipe carvalho, ex-membro da equipa do anterior bastonário, rogério alves, mostrou-se contra o exame de acesso ao estágio, afirmando que «a ordem não tem substrato para validar o ensino de universidades creditadas pelo estado».
para si, está aberta uma «ferida» entre a ordem e o resto da sociedade quando se limita a entrada de novos advogados.
trata-se de uma «profissão liberal, democratizada», salientou.
o candidato defendeu que os alunos com «três anos de licenciatura e quatro semestres de frequência de mestrado», de acordo com o modelo de ensino do processo de bolonha, devem ter acesso ao estágio.
a agregação à ordem, no entanto, só deve acontecer mediante a conclusão do mestrado, acrescentou.
quanto a fragoso marques, cujo programa será apresentado no dia 18 em leiria, defendeu que é preciso «intervir no mercado jurídico» e «estancar a hemorragia» de novos licenciados.
admitindo que se criem limites no número de inscritos em cursos de direito, fragoso marques sugeriu que é preciso encontrar profissões para os licenciados para além da advocacia.
marinho pinto defendeu que o apoio judiciário é essencial para os jovens advogados conseguirem «lutar pela sobrevivência», com a condição de serem «remunerados dignamente» e de o estado pagar sem atrasos superiores a um mês.
o actual bastonário defende que se taxem os pagamentos em atraso com «um juro de oito ou nove por cento», para possibilitar que os créditos sejam vendidos a instituições bancárias, que assumam a dívida do estado e paguem aos advogados.
luís filipe carvalho defendeu que os advogados estagiários devem voltar a poder fazer defesas oficiosas, mas «tutelados» pelos patronos.
segundo o candidato, a ordem precisa de se «reorganizar» e recuperar «prestígio e dignidade», que considera terem sido perdidos durante o mandato de marinho pinto.
fragoso marques também advogou uma «reconciliação» dentro da ordem, que considerou estar «presidencializada e afastada» dos seus membros.
lusa / sol