Ébola: Reino Unido reforça triagens

O Reino Unido anunciou hoje um reforço da triagem para passageiros provenientes dos países africanos afectados pela epidemia do ébola, incluindo a realização de exames médicos, nos principais aeroportos e estações ferroviárias do país. 

Ébola: Reino Unido reforça triagens

"A triagem reforçada vai envolver inicialmente os aeroportos [em Londres] de Heathrow e Gatwick e os terminais Eurostar [comboio de alta velocidade]" para pessoas provenientes da Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri, anunciou um porta-voz de Downing Street (sede do governo britânico), em comunicado. 

O representante do executivo britânico indicou que as medidas vão incluir a realização de um inquérito sobre as recentes deslocações dos passageiros, bem como "uma possível avaliação médica, feita por pessoal médico especializado, em vez dos funcionários dos serviços fronteiriços".

"Estas medidas vão ajudar a melhorar as nossas capacidades para detectar e isolar casos de ébola", reforçou o porta-voz, acrescentando: "É importante lembrar que o risco geral para as pessoas no Reino Unido continua a ser muito baixo".

O governo referiu que estas medidas vão oferecer "um nível de protecção adicional" a par do controlo já efectuado aos passageiros que embarcam em aviões na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.

"No entanto, é importante salientar que, dada a natureza desta doença, nenhum sistema poderá oferecer 100% de protecção contra casos assintomáticos", frisou o mesmo comunicado.

O anúncio de Downing Street surge após uma forte pressão da opinião pública, na sequência do caso da auxiliar de enfermagem espanhola infectada com ébola. 

Os Estados Unidos e o Canadá também já reforçaram as medidas de triagem fronteiriça de passageiros.

A Comissão Europeia anunciou hoje que os parceiros europeus vão discutir no próximo dia 17 de Outubro um eventual reforço do controlo dos passageiros provenientes dos países da África Ocidental afectados pelo ébola.

Esta questão foi colocada na quarta-feira durante a reunião regular do Comité de segurança sanitária (HSC), instância que foi mobilizada para coordenar as acções da União Europeia (UE) face a epidemia do vírus do ébola, segundo indicou o porta-voz da Comissão para a área da Saúde, Frédéric Vincent. 

"A questão de saber se a nível europeu é preciso ou não reforçar os controlos nos aeroportos europeus será novamente discutida durante a próxima reunião do comité", prevista para 17 de Outubro, acrescentou.

O ébola tem fustigado o continente africano regularmente desde 1976, sendo o actual surto o mais grave desde então.

A actual epidemia já fez 3.865 mortos em 8.033 casos identificados, segundo o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), com dados recolhidos até 05 de Outubro.

Existe também um outro surto de ébola na República Democrática do Congo, que já causou 43 mortos, mas as autoridades médicas referem que não está relacionado com os casos na África Ocidental.

O ébola, que se transmite por contacto directo com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infectados, é um vírus que foi identificado pela primeira vez em 1976. Não existe vacina, nem tratamentos específicos e a taxa de mortalidade é elevada. O período de incubação da doença pode durar até três semanas.

Em Portugal, os hospitais de referência definidos para atender estes casos são o Curry Cabral e o Dona Estefânia, em Lisboa, e o São João, no Porto.

Lusa/SOL