Começa hoje julgamento do jovem acusado de matar ex-namorada

O início do julgamento do jovem acusado de matar a ex-namorada em Braga, está marcado para hoje de manhã. As coordenadas de GPS do telemóvel do jovem arguido bracarense coincidentes com as do local do crime, na mesma data do desaparecimento da sua ex-namorada, Mayara Maldonado, de nacionalidade brasileira, tal como a troca de mensagens,…

O único arguido é o filho do presidente de uma junta de freguesia rural arrisca uma pena de prisão efectiva, cuja moldura condenatória oscila entre 12 e 25 anos de prisão, caso se prove ter sido o autor do homicídio da sua antiga namorada, uma jovem brasileira que se dedicava ao alterne, em casas nocturnas de Vila Nova de Famalicão e de Braga.

Pedro André de Oliveira Vieira, de 21 anos, solteiro, técnico de informática, o filho do presidente da União de Freguesias de Santa Lucrécia de Algeriz e de Navarra, Mário Vieira, negou à Polícia Judiciária qualquer envolvimento no crime, mas não prestou declarações ao juiz de instrução criminal de Braga quando foi detido há quase meio ano.

A tese de acusação pública, que também tem do seu lado o conteúdo das mensagens de telemóvel trocadas entre os então namorados, desde 3 de Maio até 27 de Agosto do ano passado, é que Pedro Vieira terá assassinado de forma premeditada Mayara Maldonado, alegadamente por não se conformar com o término da relação de namoro, que durou cerca de quatro anos, “que findou de forma não amigável”, refere o despacho do MP.

No libelo acusatório, a que o SOL teve acesso, refere-se que “inconformado com o fim da relação de namoro, o arguido arquitectou um plano com vista a pôr termo à vida de Mayara Maldonado”. Há várias testemunhas que contaram à PJ de Braga ter o arguido, supostamente movido por ciúmes de clientes da namorada, agredido a jovem e, inclusivamente, destruído o telemóvel de Mayara Maldonado. A devolução de um novo telemóvel à jovem brasileira, três meses depois, terá sido o pretexto para atrair a vítima a uma cilada. “Em cumprimento do seu plano, adquiriu uma pistola de gás e no dia 11 de Outubro de 2013, munido da arma e de um lençol, conforme previamente combinado por SMS, levando-a, com a promessa se entregar o telemóvel, a entrar no seu automóvel”, acrescenta a procuradora-adjunta do MP, Sara Brandão Fernandes.

“Transportou-a até perto da sua residência, para o interior de uma antiga serração abandonada e disparou três projécteis de chumbo nas direcção de Mayara, tendo-a atingido com duas esferas de chumbo na face/cabeça e num polegar”, destaca-se na acusação do DIAP de Braga. “Como a vítima se manteve com vida e procurou fugir, o arguido agarrou em pedaços de cablagem, atou as mãos atrás das costas, atou-lhe os pés e envolveu um cabo em torno do pescoço da vítima, apertando-o com um nó, provocando-lhe a morte através de asfixia mecânica”, diz o Ministério Público, cuja acusação será sustentada, durante este julgamento, pelo procurador João Teixeira Alves.

O julgamento será presidido pela juíza Patrícia Madeira, coadjuvada pelas juízas Luísa Alvoeiro e Marlene Rodrigues. O jovem bracarense, Pedro André de Oliveira Vieira, é defendido pelo casal de advogados Artur Marques e Paula Godinho. A audiência está marcada para esta manhã e decorrerá durante todo o dia, como na próxima quinta-feira.

Alternava em boîtes minhotas

Mayara Brandão Maldonado Silva, de 20 anos, esteve desaparecida três meses e meio, tendo o cadáver sido encontrado a 11 de Janeiro deste ano numa antiga serração, na freguesia de Santa Lucrécia de Algeriz, nos arredores de Braga. Solteira, residia em Braga e trabalhava num bar de alterne, na vila de Ribeirão, em Vila Nova de Famalicão.

Elias Maldonado e a sua mulher, Alessandra Garcia, tinham-se ausentado de Portugal há dois anos, voltando para o Brasil, mas Mayara ficou em Braga a viver num apartamento, na zona do hipermercado Feira Nova, para continuar a estudar, na Escola Profissional de Braga, para depois eventualmente ingressar na Universidade do Minho. Mas a mãe e o padrasto aperceberam-se que afinal em vez de estudar, a jovem estaria no alterne, isto é, a beber com clientes de boîtes.

A 11 de Outubro de 2013, Mayara Maldonado desapareceu, mas ainda teve tempo de telefonar para o seu namorado, Fábio Lúcio, residente em Gaia, pedindo socorro. O telemóvel foi desligado e desde aí os pais nunca mais tiveram quaisquer notícias da filha, voltando imediatamente para Portugal. O apartamento da jovem, na Praça Padre António Vieira, estava todo removido, ficando os pais de Mayara a saber que afinal não estudava, mas trabalhava num clube de alterne em Famalicão. A jovem era natural de Cacoal e antes de ter vindo para Portugal residia em Ji-Paraná, no Estado de Rondônia.