Quem parte e reparte dá sempre a melhor parte

Um sofá sem utilização posto a um canto pode ser o suficiente para proporcionar o encontro entre duas pessoas. E o espaço onde esse encontro tem lugar é, desde Abril, a plataforma Dar e Receber (www.darereceber.pt). Trata-se de uma iniciativa sem fins lucrativos que pretende pôr em contacto sociedade civil e instituições com o objectivo…

“Hoje em dia a internet é um dos principais veículos de partilha. Toda a gente tem alguma coisa para partilhar, seja uma opinião, um momento, uma fotografia. O projecto 'Dar e Receber' pretendeu seguir essa lógica, sendo um ponto de encontro entre quem tem alguma coisa para dar (tempo, bens, talentos) e quem precisa de receber”, esclarece Diogo Travassos, o responsável pela plataforma. “É igualmente um espaço para encaminhar situações de necessidade para instituições que no terreno podem assistir ou acolher os mais pobres ou quem se encontra numa situação vulnerável”, conclui.

E nem sempre estamos perante situações-limite. Diogo explica que a crise económica colocou famílias em situações muito difíceis, mas basta vencerem o desemprego para deixarem de precisar desse apoio extra. Enquanto isso não acontece, a ideia é que quem precisa deve recorrer a instituições de apoio (estão inscritas mais de três mil no site) que depois deverão acompanhar essas pessoas e usar a plataforma para encontrar soluções para elas. “Podemos estar a falar de uma mesa e de umas cadeiras como podemos estar a falar de explicações para os filhos, um médico para uma consulta ou um advogado para acompanhar um processo. Neste momento temos mais de 60 mil inscrições no banco de voluntariado”, exemplifica o responsável pela Dar e Receber.

É neste ponto que a plataforma se distingue das demais. Não só quem dá pode fazê-lo em termos de objectos ou de 'tempo' como a mediação feita pelas instituições garante que a ajuda vai efectivamente para quem precisa. “A Dar e Receber está ligada às [instituições] mais importantes a nível nacional, como a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, a União das Misericórdias Portuguesas, o Conselho Nacional da Sociedade de S. Vicente de Paulo e a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares”, adianta Diogo, no momento em que a plataforma assinala apenas seis meses de vida. Uma vitória para a ideia e para o próprio responsável, que estava desempregado quando se dirigiu à Dar e Receber para ser voluntário. “Estava desempregado e, por sorte ou azar, a pessoa que estava à frente deste projecto tinha apresentado a demissão e perguntaram-me se queria abraçar esta iniciativa. E assim foi. Uma história com final feliz”. 

patricia.cintra@sol.pt