Em dose dupla

Em palco, contam-se episódios que se cruzam como auto-estradas de informação, com temas que vão desde a corriqueira vida doméstica aos “reinos mais abstractos e filosóficos do romance, da moralidade, da mortalidade”. Entre 24 e 27 de Outubro, a Companhia Maior regressa ao palco do CCB, com O Melhor e o Mais Rápido, o Pior…

O texto foi escrito propositadamente para esta companhia e tendo em conta que todos os seus elementos têm mais de 60 anos, e são oriundos de diversos quadrantes da criação artística. Obcecado por listas, Tim Etchells pensou na experiência acumulada do seu corpo de trabalho e escreveu um texto sobre as lições que se acumulam ao longo da vida. Porque, afinal, em palco estarão muitos anos de vida. “Trabalhar com a Companhia Maior foi uma experiência bastante valiosa para mim – não só pelo prazer de escrever algo para um grupo tão talentoso e dedicado – mas também porque trouxe a oportunidade de trabalhar com intérpretes mais velhos. É um trabalho que cria uma janela para as pessoas verdadeiras diante de nós, na sua riqueza e complexidade”.

Esta é uma semana de Companhia Maior em dose dupla. Assim, mal termine o espectáculo no CCB, o colectivo segue viagem para o Maria Matos, onde, de 29 de Outubro a 2 de Novembro, levará a palco Um de Nós, com encenação e texto de Peter Vandenbempt, do colectivo belga Tristero. Um de Nós discute questões essenciais da existência humana. Numa espécie de cama gigante, os sete intérpretes procuram encontrar estas respostas, com irreverência, humor e ironia.

Pela primeira vez, a Companhia Maior divide-se para levar a cena dois espectáculos quase em simultâneo, uma situação que ilustra a crescente importância deste colectivo, bem como a sua internacionalização, já que a companhia se estreia a colaborar com criadores estrangeiros. E em ambos os trabalhos fica claro que a palavra tem cada vez mais peso para a Companhia Maior.

raquel.carrilho@sol.pt