Sínodo para quê?

A recente assembleia sinodal extraordinária dos bispos católicos, que incidiu sobre ‘Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização’, causou muito interesse e expectativa, havendo quem esperasse directrizes imediatas para os casos especiais.

 

O Sínodo não é um Concílio ecuménico nem uma assembleia parlamentar da Igreja, mas sim um organismo de consulta do Papa, o qual convoca as assembleias sinodais, que podem ser gerais e especiais. Compete ao Romano Pontífice tomar as decisões que lhe pareçam mais oportunas para o bem da Igreja. 

Apesar das pressões, oriundas de diversos grupos que pretendiam marcar a agenda e o ritmo de trabalho dos padres sinodais, sobretudo em relação às chamadas ‘questões fracturantes’, houve determinação em conservar o património doutrinal da Igreja, não cedendo às modas hodiernas. 

Para que serviu, então, este Sínodo?

1.º Reforçou a sinodalidade e a colegialidade, com a força do Espírito, como referiu o Papa Francisco na homilia da Eucaristia do domingo passado. Ele pediu transparência e clareza, o que facilitou o debate dos temas, por vezes de forma apaixonada, mas com espírito eclesial. 

2.º Foi um instrumento de unidade e de procura da verdade, ultrapassando antagonismos e chavões. O próprio Papa, consciente do seu ministério petrino, no discurso de dia 18 de Outubro, aludia às diversas posições que surgem na Igreja e que dificultam a pastoral familiar: o rigidismo e o facilitismo; a tentação daqueles que querem mostrar-se bonzinhos e populares e que, em nome de uma misericórdia enganadora, enfaixam as feridas sem primeiro curá-las e medicá-las, que tratam os sintomas e não as causas e raízes.

3.º Foi uma ocasião para os participantes, provenientes de diversas partes do mundo, reflectirem sobre a importância da família no mundo de hoje, à luz da Palavra de Deus e da doutrina da Igreja. A família, fundamentada no sacramento do matrimónio, entre homem e mulher, continua a ser defendida pela Igreja. Esta opõe-se à equiparação entre o matrimónio e as uniões homossexuais, acolhendo sim as pessoas mas sem as discriminar.

4.º  Estimulou a Igreja a não esmorecer na sua missão, mas continuar a cuidar das feridas que sangram e a recender a esperança nos corações sem esperança. Essas feridas têm a ver com as agressões à família, a dignidade da mulher, a inocência das crianças, a falta de condições humanas, sociais e económicas para que a família possa cumprir a sua missão. 

5.º Exigiu que a Igreja, atenta à vontade de Deus, seja criativa nos métodos e acções pastorais para anunciar o Evangelho da família nos vários contextos sociais e culturais de hoje;  que valorize mais a preparação ao matrimónio; que acompanhe os casais nos primeiros anos da vida matrimonial; que se preocupe daqueles que optaram pelo matrimónio civil ou pelas uniões de fato; que trate das famílias feridas (separados, divorciados não recasados, divorciados recasados, famílias monoparentais); que não abandone as pessoas com tendência homossexual; que promova a transmissão da vida; e, finalmente, que tenha sempre presente e leve a peito o desafio da educação e o papel da família na evangelização.

Até Outubro de 2015, altura em que se realizará o próximo Sínodo, a Igreja continuará a debater estes assuntos, tendo como base o Relatório final aprovado pelos bispos.