Muito mais que um apelido

Aos 53 anos, George Clooney continuava a ser o mais desejado dos solteiros, com um currículo de namoradas que somava algumas das mulheres mais bonitas do mundo. Foi a quase desconhecida Amal Alamuddin, de 36 anos, que em cerca de um ano de namoro conseguiu levar o cobiçado actor ao altar. Mas afinal quem é…

Aos 53 anos, George Clooney continuava a ser o mais desejado dos solteiros, com um currículo de namoradas que somava algumas das mulheres mais bonitas do mundo. Foi a quase desconhecida Amal Alamuddin, de 36 anos, que em cerca de um ano de namoro conseguiu levar o cobiçado actor ao altar. Mas afinal quem é a mulher que 'sacou' o mais desejado dos solteiros e, mesmo assim, continua dedicada à sua bem-sucedida carreira de advogada? Sim, porque a única coisa que mudou na vida de Amal, além de se ter tornado conhecida, foi o apelido: é que a advogada adoptou o nome do marido, assinando agora como Amal Clooney. “Muitas pessoas questionavam se ela adoptaria o nome do marido, tendo em conta que ela conseguiu atingir o sucesso por mérito próprio. No entanto, foi precisamente por isso que Amal decidiu ser Clooney. Ela ama o George e está orgulhosa por ser a sua mulher. Porquê escondê-lo?”, terá dito uma fonte próxima à revista Grazia.

Foi já com este novo apelido que a advogada abraçou o seu mais recente processo: a defesa da repatriação das esculturas da Antiguidade Grega, apelidadas de Mármores Elgin, actualmente sob a chancela do Museu Britânico. Há mais de 40 anos que Atenas defende que estas esculturas – parte de um friso do Partenon que foi retirado pelo embaixador inglês no império otomano, Lord Elgin – devem regressar à sua pátria. Mas o Governo inglês opõe-se a este regresso e a qualquer negociação sobre este assunto. “Repatriar os mármores do Partenon é atitude justa. Espero que a longa relação entre os dois países permita uma solução amigável. Ainda assim, acredito que foi prudente do Governo grego procurar apoio legal e cabe-lhes a eles decidirem o caminho a tomar, inclusive no que diz respeito ao envolvimento da UNESCO”, afirmou Amal ao The Guardian, aquando uma visita de três dias a Atenas, durante a qual reuniu com o primeiro-ministro, Antonis Samaras.

Segundo o site The Legal 500, Amal Alamuddin Clooney é uma das grandes especialistas mundiais em direito internacional e direitos humanos. Mas este não é o único ranking onde consta. Para o blogue Your Barrister Boyfriend, Amal é uma das 21 mais sexy advogadas de Londres. “Amal Alamuddin pode fazer com que algumas pessoas se sintam desconfortáveis porque ela conseguiu atingir o aparentemente inatingível ideal do feminismo contemporâneo: não só tem uma beleza de cortar a respiração como é formidavelmente bem-sucedida”, pode ler-se.

Filha de um professor de Estudos Económicos e de Gestão e da editora do jornal al-Hayat, a natural de Beirute, no Líbano, tinha de alguma forma escrito que o seu destino seria distinto do de outras mulheres desta região do globo. Esta diferença ficou ainda mais clara quando, nos anos 80, na sequência da Guerra Civil do Líbano, a família  Alamuddin se mudou para Londres. Amal tinha apenas dois anos e acabou por fazer a sua escolaridade nos melhores colégios ingleses. Em 2000 terminou o bacharelato em Jurisprudência, em Oxford, e seguiu para a New York University School of Law, para um mestrado em Lei.

Após várias experiências de trabalho ainda durante os estudos, Amal foi trabalhar para a firma Sullivan & Cromwell, também em Nova Iorque, onde durante três anos integrou o grupo de Defesa Criminal e Investigação que, entre outros casos, esteve envolvido no julgamento da Enron e da Arthur Andersen. Fluente em inglês, árabe e francês, Amal integrou a acusação do Tribunal Extraordinário para o Líbano, no âmbito das Nações Unidas, e o Tribunal Internacional que julgou os crimes da antiga Jugoslávia. Foi ainda em Nova Iorque que defendeu personalidades como o chefe dos serviços secretos líbios, Abdallah Al Senussi, a antiga primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Tymoshenko, e o fundador da Wikileaks, Julian Assange.

Em 2010, Amal regressou a Inglaterra e passou a colaborar como advogada na firma Doughty Street Chambers. Foi a partir daqui que a sua colaboração com as Nações Unidas se tornou ainda mais regular, tendo servido de conselheira de Kofi Annan quando este foi enviado especial à Síria, em 2013. Um ano mais tarde, colaborou com William Hague no combate à violência sexual em zonas de guerra, e foi convidada para integrar uma comissão de inquérito de apenas três peritos cujo objectivo era analisar possíveis violações à Lei Marcial no conflito israelo-palestiniano. Recusou alegando já ter outros processos em mãos. Ainda assim fez questão de vincar: “Estou horrorizada com a situação na Faixa de Gaza, em particular com as baixas civis, e acredito firmemente que deve haver uma investigação independente aos responsáveis pelos crimes que foram cometidos”.

Discreta, Amal Alamuddin Clooney apenas dá entrevistas sobre o seu trabalho. Terá sido este desejo de se manter longe dos holofotes que a fez, quando conheceu George Clooney num jantar de beneficência, recusar dar-lhe o seu número de telefone e sair com o actor. Acabou por ceder e, logo no primeiro encontro, o trabalho de Clooney no Darfur conquistou a advogada. No final de Setembro, a notícia do seu casamento – que durou quatro dias em Veneza – encheu milhares de páginas em todo o mundo. Agora, Amal faz as primeiras páginas dos jornais sozinha, como rosto forte na quezília entre os governos grego e inglês. 

raquel.carrilho@sol.pt