Xeque do Qatar morre 24h antes de vender relógio mais caro de sempre

A Supercomplicação Henry Graves Jr., o ‘Santo Graal’ da arte da relojoaria, foi anteontem vendido em leilão da Sotheby’s por um preço recordista. A licitação vencedora superou os 19 milhões de euros, muito acima da estimativa de 13,5 milhões. 

“O resultado estratosférico desta noite confirma o estatuto de ‘rockstar’ da Supercomplicação Henry Graves”, disse um responsável da Sotheby’s. “O fascínio que tem exercido de há uns meses para cá, no momento em que a Patek Philippe celebra o 175.º aniversário, é um justo tributo ao génio do fabricante suíço”.

Estes valores significam que o vendedor, que havia adquirido o relógio em 1999 por cerca de 10 milhões de euros, teve uma mais-valia de quase 9 milhões. Porém, o proprietário, o Xeque Saud bin Mohammed Al-Thani, nunca chegará a ver os milhões que resultaram da venda, pois morreu um dia antes de o leilão se realizar, de problemas cardíacos, segundo o site artnet news.

Saud bin Mohammed Al-Thani, a que o jornal britânico The Independent chamou “o coleccionador mais rico do mundo”, terá gasto um total de mil milhões de dólares (800 milhões de euros) na aquisição de obras  de arte. Segundo o The Art Newspaper, entre 1997 and 2005 gastou mais em arte do que qualquer outra pessoa. Testemunhas contam que quando desejava algo limitava-se a licitar até bater a concorrência.

Ministro da cultura do Qatar de 1997, em 2005 foi demitido, investigado e colocado sob prisão domiciliária. Ainda segundo o The Art Newspaper, voltou ao mercado pouco tempo depois, adquirindo para a sua colecção pessoal moedas e arte chinesa. Porém, teve problemas com a Justiça britânica, vendo os seus bens congelados, precisamente por não saldar as dívidas referentes a peças adquiridas em leilão a uma empresa especializada em numismática.

jose.c.saraiva@sol.pt