Governo britânico proíbe filmes BDSM

Uma palmadinha no calor do momento, entre dois adultos e sob mútuo consentimento. Será aceitável? O governo do Reino Unido diz que não. Ou melhor – estabelece que açoites, chicotadas e outras práticas associadas ao sadomasoquismo (mas não exclusivas de quem segue esta tendência) não podem entrar em filmes pornográficos produzidos em terras de Sua…

Em plena era das 50 Sombras de Grey e da popularização de práticas e estéticas outrora tidas como desviantes, uma emenda à legislação da produção audiovisual introduzida na terça-feira qualifica como “conteúdo inaceitável” os filmes que contenham cenas de açoitamento, chicotadas, vergastadas, abusos físicos e verbais (ainda que com o consentimento dos ‘abusados’), aprisionamento (a essência do bondage, por exemplo) ou humilhação, entre outras práticas relativamente comuns na pornografia.

De acordo com a VICE e o Independent, esta alteração da lei acaba de uma penada com a cena BDSM britânica. Actores e produtores protestam. E muitos mais ingleses, galeses e escoceses protestariam se não houvesse tamanho tabu em torno dos hábitos de consumo de pornografia.

É que de acordo com o Pornhub, o maior site para adultos do mundo, os britânicos estão precisamente entre os maiores apreciadores da palmadinha, do chicote, da humilhação e de outras brincadeiras de ‘bolinha vermelha’.

As fantasias mais populares dos britânicos

Por exemplo, as pesquisas por vídeos com vergastadas (canning) por utilizadores britânicos do Pornhub estão 201% acima da média mundial. E os vídeos com açoites (spanking) são 43% mais procurados no Reino Unido do que no resto do mundo, tal como os com chicotadas (whipping, +35%). O mesmo sucede com outras práticas mais explícitas e igualmente proibidas. E com actos aparentemente inofensivos como a ejaculação feminina, que também passa a estar banida.

A nova lei insere-se num esforço mais vasto do Governo de David Cameron contra a pornografia. Este ano, os fornecedores de internet passaram a ter de oferecer aos seus clientes um filtro que barra todos os conteúdos para adultos. Até Julho, apenas 13% dos consumidores tinham aderido ao mecanismo. Mas estar ou não abrangido pela medida deixará no futuro de ser uma opção, e todos os novos clientes vão deixar de poder visualizar conteúdos pornográficos.

A ofensiva, justifica o Executivo conservador, visa proteger as crianças. Os críticos, no entanto, alertam para o estabelecimento de uma ditadura de costumes no Reino Unido.