Costa entre o PSD e o CDS

É curioso ver como Paulo Portas não deixa de cuidar da etiqueta politica, enquanto Passos cai sempre na falta de chá – e bem sabemos como as formas, incluindo a etiqueta, são importantes em democracia.

Por exemplo, quando António Costa foi visitar os outros partidos, por cortesia, depois de ser eleito líder do PS, era suposto ter os homólogos (os outros líderes) a recebê-lo. Vamos dar por descontado que Pedro Passos Coelho sabe pouco de etiqueta, e o PSD não tem quem esteja interessado em ensiná-lo – já a pensar num futuro mais condizente com a sua História social-democrata. Coelho, talvez com medo de ver Costa com vontade de fazer negociações políticas (a ocasião poderia de facto ser oportuna, apesar de Costa ter deixado claro que não ia por aí), preferiu não aparecer, e deixar ser o secretário-geral do PSD a recebê-lo. Vamos agora ser didácticos, para o caso de alguém próximo de Passos me ler, e lhe poder transmitir ensinamentos úteis: o homólogo de António Costa no PSD não é o secretário-geral deste Partido, mas o presidente – porque se trata em ambos os casos de liderança.

Mais ciente destas coisas, Portas foi receber António Costa no CDS. Claro que não conseguiu também negociações politicas. E depois, como bom anfitrião, não foi ele, mas soltou Nuno Melo, para ir junto dos jornalistas dizer mal de Costa. O que terá sossegado este. Ninguém gostará de ser elogiado por Nuno Melo, e será sempre um prazer tê-lo a dizer mal (tal e qual como me dizem acontecer com  um grupo restrito dos meus leitores que eu prefiro ter a dizer mal de mim). Recorde-se que, recentemente, quando o CDS teve um líder democrata-cristão, como nas suas origens (falo de Ribeiro e Castro), Nuno Melo não parou de dizer mal dele, até ter de novo Portas (a pessoa, não o pensador, que de resto só pensa superficialmente) na liderança do partido. Isto diz tudo. Só espero nunca ter Nuno Melo, como alguns dos meus leitores, a dizer bem de mim.

P.S. – Eu sou Charlie.