Renault Cacia quer fornecedores locais

A fábrica Renault Cacia vai investir 10,6 milhões de euros este ano, em equipamento para fabrico de novos componentes mecânicos para automóveis, e espera manter o volume de negócios, que ronda os 260 milhões de euros. A unidade de Aveiro do grupo francês é o 12.º maior exportador nacional, vendendo toda a produção para o…

A unidade fabrica caixas de velocidades e outros componentes para motores. Fornece outras fábricas do grupo Renault-Nissan, mas também de outros construtores como a Mercedes, enviando caixas e componentes para 14 países. “Quase todos os Renault tem uma ou mais peças de Cacia”, afirmou esta quinta-feira o director da fábrica, Juan Pablo Melgosa.

Numa visita de imprensa à fábrica, salientou as dificuldades em manter os custos de produção baixos: “Temos de estar um passo à frente. Basta um euro a menos por peça num concorrente para perdermos”. E a concorrência não é apenas de empresas externas, mas de próprias fábricas da Renault – 37 em todo o mundo. Um dos obstáculos está nos fornecedores, na maioria europeus, havendo dificuldade em encontrar matéria-prima portuguesa.

O elefante branco da Nissan

Nas instalações de Cacia há vários pavilhões de fabrico, montagem e armazenamento, e um último totalmente vazio. Trata-se da unidade da Nissan que iria servir para montar baterias para carros eléctricos. O projecto de 156 milhões de euros, lançado durante o Governo de José Sócrates no seguimento da aposta na mobilidade eléctrica, foi suspenso pela Nissan ainda em 2011.

Os responsáveis da Renault têm vontade de rentabilizar essas instalações. Houve até a intenção de instalar lá uma unidade que poderia ser fornecedora da fábrica de Cacia e ajudar a baixar os custos de produção, soube o SOL, mas os projectos nunca passaram disso mesmo. A mensagem oficial da Renault é que “o espaço é propriedade e responsabilidade da Nissan”, apesar da aliança entre as duas fabricantes mundiais de automóveis.

A Renault aproveitou a visita a Aveiro para apresentar os seus resultados de 2014. Líder há 17 anos no mercado de automóveis ligeiros de passageiros e comerciais em Portugal, a marca francesa conseguiu, com a ajuda da Dacia, 15,1% de quota de mercado, representando mais de 25 mil veículos. O carro mais vendido em Portugal foi o Renault Clio, que ultrapassou as sete mil unidades.

Em termos de facturação, o volume de negócios da Renault Portugal, que inclui a fábrica Cacia, rondou os 800 milhões de euros em 2013. A filial portuguesa aguarda a divulgação dos resultados mundiais para anunciar os seus números do ano passado.

Para 2015 a Renault perspectiva um crescimento do mercado automóvel de 10% em Portugal, esperando aumentar as vendas e facturação na mesma proporção.

O grupo francês emprega cerca de 1.600 pessoas em Portugal, 1.016 das quais na fábrica de Aveiro, que tem ainda mais 150 trabalhadores temporários.

emanuel.costa@sol.pt