IGAI investiga incidentes na Cova da Moura e Alfragide

A Inspecção-geral da Administração Interna (IGAI) vai investigar os incidentes ocorridos na passada quinta-feira, no bairro da Cova da Moura e na esquadra de Alfragide. 

IGAI investiga incidentes na Cova da Moura e Alfragide

A ministra Anabela Rodrigues determinou que fosse aberto um inquérito para investigar o sucedido e apurar eventuais responsabilidades, já depois de, na sexta-feira, o Bloco de Esquerda ter pedido um esclarecimento ao Ministério da Administração Interna sobre o “uso desproporcionado de força” pela PSP – tendo questionado a tutela sobre que medidas seriam tomadas para prevenir actuações policiais semelhantes. 

Os relatos do que se terá passado na tarde de quinta-feira divergem. Fontes oficiais da corporação afirmam que tudo começou quando um jovem, no meio de um grupo de cerca de 10 pessoas, atirou uma pedra contra uma carrinha de uma equipa que naquela manhã patrulhava o bairro, tendo causado ferimentos ligeiros num polícia (que teve de ser assistido no hospital). O jovem, de 24 anos, foi detido e levado para a esquadra de Alfragide. 

A polícia admite que disparou tiros de shotgun para o ar para dispersar o grupo. Mais tarde, um grupo de jovens terá tentado invadir a esquadra e cinco acabaram detidos.

Testemunhas do incidente dão uma versão diferente. A detenção do jovem causou a indignação dos presentes, pois, dizem, foi violentamente agredido por vários agentes da PSP apesar de não ter oferecido resistência. A Polícia terá disparado então tiros de shogun contra moradores, atingindo com balas de borracha vários deles, incluindo uma mulher que estava à varanda e que foi atingida na face, no peito e na coxa. 

Um grupo de cinco jovens, três pertencentes à associação Moinho da Juventude, foram depois à esquadra para apresentar queixa contra os agentes e obter informações sobre o jovem detido, mas acabaram também eles por ser detidos. 

A Polícia garante que os jovens tentaram invadir a esquadra e acabaram detidos por oferecerem resistência. Há relatos, porém, de que lá dentro estes foram agredidos e atingidos por balas de borracha. Tiveram de receber assistência médica e foram directamente transportados da esquadra para o Hospital Amadora-Sintra: oito jovens, o mais novo de 14 anos, deram entrada no hospital sob escolta da Polícia. Tinham várias escoriações e hematomas. 

sonia.graca@sol.pt