Cardeal-patriarca exorta católicos a serem ‘ilhas de misericórdia no mar da indiferença’

O cardeal-patriarca, citando o papa Francisco, exorta os católicos a serem “ilhas de misericórdia no mar da indiferença”, e a cumprir “o sonho missionário de chegar a todos”, sobretudo aos que mais sofrem.

Cardeal-patriarca exorta católicos a serem ‘ilhas de misericórdia no mar da indiferença’

Estas declarações de Manuel Clemente surgem impressas no programa hoje distribuído, do "Te Deum" ("Acção de Graças") pela sua criação como cardeal, realizado no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, que coincidiu a primeira Catequese Quaresmal.

No texto, o cardeal-patriarca recorda que a "Igreja de Lisboa [está] em caminho sinodal para cumprir 'o sonho missionário de chegar a todos'" e sublinha: "sobretudo aos nossos concidadãos que mais precisam de ser sustentados e fortalecidos no corpo e no espírito".

Para o prelado "todas estas motivações" comprometem ainda mais os católicos "na renovação das vidas e das comunidades, para serem 'ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença', como exorta o papa Francisco".

No final, falando aos jornalistas, o cardeal-patriarca explicou que "Misericórdia é ter o coração no que é pequeno, naquilo que está carente, naquilo que está frágil, naquilo que precisa de ser apoiado, não ter apenas o coração em desígnios, e ideias muito genéricas, mas termos ali, onde a pequenez da vida e a fragilidade das situações mais precisa de resposta".

O prelado referiu a acção no terreno das várias instituições, católicas ou não, em apoio aos que mais precisam.

"O que é urgente e fundamental é que todos estejamos lá quando for preciso dar respostas e quando é preciso dar respostas diariamente", disse Manuel Clemente que referiu que as "instituições não tem faltado, para já, na resposta imediata", e alertou para a necessidade, além de apoiar, "também de criação de futuro".

Para o prelado lisboeta o futuro "só pode ser mais solidário, senão não pode ser futuro".

Referindo-se aos trabalhos de preparação do sínodo, que se realiza em finais de 2016, em Lisboa, afirmou que são promissores. 

"Estamos a tentar levar à prática da maneira mais consequente o que o papa Francisco nos indica na exortação ['A alegria do Evangelho'], e ele diz que é um sonho missionário de chegar a todos, e chegar a todos, chegar com presença, chegar com resposta, e isso tem que ser feito sobretudo pelas comunidades cristãs, elas é que estão no terreno"

Em finais de 2016, quando se realizar o sínodo, "nós, como Igreja de Lisboa, no conjunto das nossas comunidades e realidades, estamos mais conscientes daquilo que é o nosso papel numa sociedade a que não podemos faltar".

No texto do programa, referindo-se à recente elevação à dignidade de cardeal, Manuel Clemente afirma que um cardinalato "significa especial apoio ao papa Francisco e ao seu providencial ministério, como sucessor de Pedro".

Durante a celebração religiosa, a finalizar, Manuel Clemente agradeceu aos que vieram até aos Jerónimos, alguns do Porto, diocese onde foi bispo antes de assumir a de Lisboa, assim como os que o acompanharam na peregrinação a Roma, na semana passada, para a criação cardinalícia pelo papa.

No final da cerimónia centenas de pessoas dirigiram-se para o antigo refeitório dos fardes para cumprimentarem o cardeal-patriarca. No interior do templo o prelado recebeu os cumprimentos das várias personalidades, nomeadamente do primeiro-ministro e outros membros do Governo, de representantes das Forças Armadas, GNR e PSP, dos presidentes das câmaras de Torres Vedras, sua terra natal, e Lisboa, entre outras.

Segundo informação do Patriarcado, as próximas catequeses quaresmais serão celebradas em Março, aos domingos, pelas 17:00, pelos bispos-auxiliares de Lisboa, Nuno Brás, Joaquim Mendes e José Traquina.

No Domingo de Ramos, dia 24 de Março, a celebração na Sé, também às 18:00, será presidida pelo cardeal-patriarca.

Lusa/SOL