Pouco depois, envia um sms à namorada – que deixara em casa poucos minutos antes e com quem passara a noite nos bares da avenida Luísa Todi – queixando-se de ter levado uma "cacetada" na cabeça, na sequência de uma operação da PSP junto à estação. As câmaras de videovigilância terão captado dois agentes em interacção com o jovem, de 30 anos, que veio a morrer uns metros mais à frente, na estrada dos Ciprestes, junto a uma passadeira. Foi assistido pelo INEM ainda no local, foi transportado para o hospital, onde esteve em coma dois dias mas veio a morrer no domingo.
Ao que o SOL apurou, a vítima tem uma marca de agressão, compatível com uma bastonada, na cabeça (uma ‘zona vermelha’, segundo as normas internas, que os agentes estão totalmente impedidos de atingir) e outra nas costas. Caiu, inanimado, não no local da intervenção policial, mas uns metros mais à frente.
A PJ de Setúbal, que investiga agora o caso, já convocou o comandante da Divisão de Setúbal e o da esquadra de Intervenção Rápida para serem ouvidos e visionarem o conteúdo das imagens de videovigilância, o que está a acontecer durante o dia de hoje. Nos próximos dias, serão chamados os agentes que estiveram de serviço naquela noite.
Entretanto, a PSP também já abriu um processo de averiguações para, segundo explicou ao SOL o subintendente Paulo Flor, porta-voz da instituição, apurar os contornos da intervenção policial e identificar quem esteve de serviço nessa noite. E, caso sejam recolhidos indícios do envolvimento de agentes na agressão e de que essa agressão causou a morte do jovem, serão abertos processos disciplinares.
A zona onde decorreu a intervenção policial está referenciada pela Polícia como problemática, porque ali ocorrem com frequência roubos, furtos e desacatos sobretudo durante a noite.
