Portugal recebe 200 mil euros para tratar depressões na gravidez e pós-parto

Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) obtiveram um financiamento de 200 mil euros para aplicar um programa pioneiro para minimizar o impacto da depressão na gravidez e no pós-parto.

Uma equipa de investigadores do Serviço de Psicologia Médica (SPM) da FMUC "acaba de obter um financiamento de 200 mil euros para aplicar um programa pioneiro a nível internacional, que visa minimizar o elevado impacto negativo da depressão perinatal (gravidez e pós-parto)", anunciou hoje a Universidade de Coimbra (UC).

O financiamento para o projeto, denominado 'Rastreio, prevenção e intervenção precoce na depressão perinatal – Eficácia de um novo programa nos cuidados de saúde primários', foi atribuído pelo Programa Iniciativas de Saúde Pública, do European Economic Area Grants (EEA-Grants), no âmbito do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu 2009-2014.

Aquele mecanismo financeiro resulta de um memorando de entendimento entre Portugal e os países doadores, que são Islândia, Liechtenstein e Noruega.

O projeto consiste, em termos genéricos, na "aplicação a uma vasta amostra representativa de mulheres portuguesas, recrutadas nos cuidados de saúde primários e maternidades das regiões de Coimbra e de Aveiro, de um novo teste preditivo de auto-resposta", intitulado 'Rastreio e prevenção da depressão perinatal'.

Desenvolvido de raiz, em Coimbra, pela equipa do SPM da FMUC, "o teste avalia sintomas e fatores de risco, permitindo prever quais as mulheres com maior probabilidade de ter depressão durante a gravidez e no período pós-parto", adianta a UC.

Paralelamente, a equipa de investigadores envolvidos no estudo vai realizar "ensaios clínicos (aos níveis da prevenção e intervenção precoce), por forma a validar a eficácia do programa de rastreio".

Para a coordenadora do projeto, Ana Telma Pereira, o objetivo da investigação, que dá continuidade ao trabalho científico desenvolvido na última década pelo SPM (e do qual resultaram "muitas publicações e apresentações internacionais") é "continuar a contribuir para a minimização do elevado impacto negativo da depressão perinatal".

Apesar de a depressão perinatal ser "um problema de saúde pública prevenível e tratável, sem programas de rastreio menos de 10% das mulheres afetadas recebem tratamento", sublinha Ana Telma Pereira.

"Todas as mulheres no período perinatal poderão, potencialmente, beneficiar com esta intervenção, pois a todas será dada a oportunidade de serem avaliadas quanto à presença de sintomas de depressão perinatal e fatores de risco associados", salienta a investigadora.

As mulheres que mantenham ou a quem seja diagnosticada a patologia serão "encaminhadas para consulta externa de psiquiatria para avaliação e tratamento especializado por membros da equipa de investigação, no Centro de Responsabilidade Integrada de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)", conclui Ana Telma Pereira.

Além da coordenadora do estudo, Ana Telma Pereira, e do diretor do SPM da FMUC, António Ferreira de Macedo, integram a equipa de investigadores envolvidos no projeto Maria João Soares e Mariana Marques, do SPM, e Carolina Roque, Miguel Bajouco, Nuno Madeira, Susana Renca e Vasco Nogueira, do Serviço de Psiquiatria do CHUC/FMUC.

Lusa/SOL