Ministro da Defesa grego acusa Schäuble de ‘envenenar relações’ bilaterais

O ministro da Defesa grego, Panos Kamenos, líder do partido conservador Gregos Independentes, acredita que o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, leva a cabo uma “guerra psicológica” contra Atenas e “envenena as relações bilaterais”.

As suas acusações contra Scäuble constam de uma entrevista dada ao diário popular “Bild”, na qual insta o titular das Finanças alemão a aceitar as regras da democracia e critica Berlim por “imiscuir-se em assuntos que são da sua incumbência”.

“Tenho a impressão de que o Governo alemão quer empurrar-nos para fora da zona euro”, afirma Panos Kamenos, sustentando que o seu país não necessita de um terceiro pacote de ajuda, porque não pode continuar a pagar dívidas com novas dívidas.

A saída do euro, sublinha, é “impossível” para a Grécia e inclusivamente “ilegal”. “Se a Grécia explode, os seguintes serão Espanha, Itália e, em algum momento, Alemanha”, adverte.

O que o país necessita é de um “perdão da dívida como o que foi concedido à Alemanha em 1953 na Conferencia de Londres”, insiste Panos Kamenos, que exige também que a União Europeia indemnize Atenas pelas perdas resultantes das sanções à Rússia, país a que se dirigem cerca de 70% das exportações gregas.

“Se não, não podemos e não queremos participar nas sanções contra a Rússia”, adverte.

Kamnos volta ainda a exigir reparações de guerra à Alemanha, porque – afirma – a Grécia foi o único país europeu a não ser indemnizado.

“Não é um ato contra a Alemanha, mas sim uma obrigação histórica”, sublinha.

Na opinião do governante, não existe um problema entre os dois países, existe sim entre os seus Governos.

“Estou convencido de que nem eu nem o senhor Varoufakis agradamos ao senhor Schäuble, mas ambos fomos eleitos pelo povo grego, temos uma aprovação de 80%, e falamos por todo o povo grego. Isto é a democracia e deve ser aceite”, afirma.

Panos Kamenos considera também que o ministro das Finanças alemão não tem autoridade moral para criticar Atenas por não lutar contra a corrupção, recordando o caso de financiamento irregular no qual se viu envolvida a União Democrata Cristã (CDU), na altura do chanceler Helmut Khol, que levou Schäuble a não concorrer à liderança contra Angela Merkel, para não ser atingido pelo escândalo.

“A corrupção é como o amor e como o Tango, são sempre precisos dois. Por que, por exemplo, o Governo alemão protege ex-directores da Siemens envolvidos num caso de corrupção”, pergunta.

O ministro grego reitera o aviso deixado há dias atrás sobre os fluxos de refugiados que chegarão à Alemanha a partir da Grécia, se este país for obrigado a deixar o euro.

“Não seria válido nenhum acordo nem nenhum convénio. Não estaríamos obrigados a servir de país de entrada de refugiados”, avisa o ministro, que pede aos líderes europeus para pressionarem a Turquia a controlar de forma efectiva as suas fronteiras.

Lusa/SOL