Arranha-céus da família Espírito Santo em Miami já está à venda

O sistema judicial luxemburguês está a acelerar a venda de activos das empresas do Grupo Espírito Santo (GES).

Esta semana, o Tribunal do Luxemburgo anunciou a abertura de um processo formal de venda do arranha-céus de Miami, Espírito Santo Plaza, um dos activos da Espírito Santo International (ESI), a antiga holding não financeira do GES.

"A subsidiária da Espírito Santo International é a proprietária de uma parte importante do Espírito Santo Plaza, um edifício localizado no distrito financeiro de Miami. Foi lançado um processo formal de vendas para esta parte do edifício, que será conduzido pelo consultor independente Exan Capital", lê-se na página criada pelo sistema judicial do Luxemburgo para reportar o desenvolvimento das cinco empresas do GES aí sedeadas.

A ficha criada com as informações relevante da torre de escritórios refere que esta é "uma oportunidade única para adquirir um troféu, na melhor localização possível em Miami". "Esta propriedade é uma das mais representativas e emblemáticas da cidade, localizada no distrito financeiro de Miami (Brickell Avenue)".

O Wall Street Journal refere que a venda poderá render cerca de 120 milhões de dólares, com base nos preços de mercado, o equivalente a 111,3 milhões de euros à taxa de câmbio actual.

O encaixe servirá para pagar aos credores da ESI, a holding de topo do antigo império Espírito Santo. Recorde-se que já no final de mês de Março, o Tribunal luxemburguês anunciou a venda de um conjunto de pinturas num leilão organizado pela Christie’s em Paris.

Consulte a ficha do arranha-céus aqui.

O Espírito Santo Plaza chegou a ser “gerido” pelo famoso contabilista do BES, Machado da Cruz. “O nosso Francisco recuperou 30 ou 40 milhões de dólares em indemnizações e aquilo [o Espírito Santo Plaza, em Miami] está a ser muito bem gerido”, chegou a referir Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, numa reunião do conselho superior do grupo. O intuito era proteger o contabilista, que mais tarde acusou pelas irregularidades detectadas nas contas da ESI.

"A família portuguesa Espírito Santo passou décadas a construir uma rede global de empresas financeiras e industriais, sob os comandos de Ricardo Salgado. O grupo começou a entrar em colapso na primavera passada, quando o Banco de Portugal nomeou auditores para avaliar as contas do Espírito Santo International que encontraram irregularidades", descreve o Wall Street Journal.

Há outros activos à venda no seio do grupo insolvente, que incluem por exemplo projectos imobiliários no Brasil e uma participação de 66% no Fundo imobiliário Property Brasil.

sandra.a.simoes@sol.pt