É preciso investir mais contra a sida, avisam especialistas

Um relatório assinado por especialistas da UNAIDS (o departamento das Nações Unidas para o combate ao VIH/sida) e da revista médica Lancet adverte que são necessários mais fundos para que os progressos até agora obtidos na luta contra a epidemia continuem a bom ritmo.

Os médicos e epidemiologistas que assinam o documento lançam ainda o alerta: sem esse esforço, o VIH pode voltar a alastrar-se nos próximos cinco anos nos países mais em risco. “Temos de encarar a verdade – se a taxa actual de novas infecções por VIH continuar, o mero sustento dos esforços que já temos no terreno não será suficiente para impedir um aumento de mortes por sida nos próximos cinco anos em muitos países”, avisa Peter Piot, um dos subscritores do documento. Piot dedica-se a esta epidemia, depois de ter sido um dos especialistas que isolou e identificou o vírus do Ébola em 1976.

Por outro lado, um certo ‘relaxamento’ nos comportamentos no que toca à prevenção também já é visível em algumas regiões do globo. Na Indonésia, por exemplo, a incidência do VIH aumentou 50% entre 2005 e 2013, enquanto no Uganda as novas infecções cifravam-se em 90 mil em 1999 e passaram a 170 mil em 2011. Mas não são só os comportamentos que estão na origem destes surtos exponenciais. O aumento da população nos países mais em risco também preocupa o painel de especialistas responsáveis por este documento.

“Temos de agir agora”, escreve Michel Sidibé, o director executivo da UNAIDS. “Os próximos cinco anos dão-nos uma frágil oportunidade para acelerar a resposta e acabar com a epidemia de sida em 2030. Se não o fizermos, as consequências humanas e financeiras serão catastróficas”. A ideia, concluem os especialistas, é aumentar o esforço financeiro global de combate à doença dos 17 mil milhões de euros actuais para os 32 mil milhões de euros. Só assim poderemos chegar a 2030, ano padrão definido pela ONU para acabar com a epidemia. 

ricardo.nabais@sol.pt