Moody’s: ‘Grexit’ não implica corte de ‘rating’ nos bancos periféricos

A agência de notação financeira Moody’s considera que a evolução do destino da Grécia não vai implicar uma descida do ‘rating’ dos bancos dos países periféricos, mas alerta que a situação é volátil e pode mudar rapidamente.

Numa nota de análise sobre a situação na Grécia, os analistas de uma das maiores agências de 'rating' do mundo dizem que esperam, "para já, que o impacto de uma qualquer instabilidade adicional nos bancos dos países periféricos europeus – Itália, Espanha, Portugal e Irlanda – se mantenha relativamente contido e não implique uma ação imediata no 'rating'.

Na nota, assinada pelo diretor do departamento de análise bancária, Nick Hill, acrescenta-se, no entanto, que "a situação é altamente política e continua fluida, por isso a análise pode mudar rapidamente".

A rejeição em referendo do pacote de ajuda financeira proposto pelos credores internacionais e a extensão do controlo de capitais aumentaram ainda mais os riscos para o sistema bancário e para a análise relativamente à dívida soberana, acrescenta o responsável.

A situação, nota Hill, é diferente face ao que se passou em 2012: "Apesar de os bancos europeus fora da Grécia estarem mais bem preparados para absorver a volatilidade dos ativos face a um 'Grexit' [saída da Grécia da zona euro], os riscos de contágio ainda existem, ainda que sejam mais contidos quando comparados com 2012", lê-se na nota.

"A maioria da dívida grega soberana está em mãos de instituições públicas e no sistema bancário grego, e o restante sistema bancário europeu foi, assim, largamente insulado dos eventos na Grécia, mo que é muito diferente do que aconteceu em 2012, quando os outros bancos e investidores europeus estavam significativamente expostos à dívida grega", acrescenta o relatório assinado por Nik Hill.

O risco de contágio, no entanto, não está completamente eliminado, apesar de ter sido substancialmente reduzido, por isso as atenções da Moody's viram-se não tanto para o sistema bancário, mas sim para os efeitos na confiança dos consumidores e dos mercados financeiros.

"A maior ameaça viria provavelmente de um choque de confiança no seguimento do 'Grexit', que poderia perturbar a dívida pública e os mercados de financiamento, bem como a atividade económica na região, e iria provavelmente centrar-se em países que incluem o Chipre, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda", acrescenta o relatório.

Para a Moody's, as três coisas mais importantes para avaliar o contágio aos bancos em caso de saída da Grécia da zona euro são o ambiente operacional, avaliado através dos Perfis Macroeconómicos dos bancos, o montante de títulos de dívida detidos pelos bancos, e a capacidade de um governo para fornecer apoio se for preciso.

Os principais líderes europeus estão hoje reunidos para definir o futuro da Grécia, com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, a avisar que a reunião vai prolongar-se até que seja encontrada uma solução.

Lusa/SOL