A revolução será twittada

Desde o referendo na Grécia que tenho seguido a crise grega através do Twitter. A minha vida melhorou quando comecei a seguir a conta anónima @GreekAnalyst, que além de revelar grande conhecimento sobre os assuntos, faz o favor de partilhar (retwittar) a informação relevante constantemente e ao momento. Na tarde de domingo das 17 horas…

Espírito europeu

Ainda a propósito da cimeira europeia que durou 17 horas – um fenómeno conhecido por ‘reunião’ e que pensava ser apenas português -, a notícia mais interessante foi aquela que apontou o polaco Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, como a pessoa que não permitiu que ‘as negociações’ (parece que se chamam assim) terminassem com a saída da Grécia da Zona Euro, porque às seis da manhã disse: «Ninguém sai daqui». Isto significa que após 14 horas de conversas em conjunto, a dois ou três, com pausas e sestas pelo meio, houve alguém que não aceitou a ruptura e teve força para mudar o jogo. O Acordo parecia de facto mais importante do que a saída da Grécia da Zona Euro, quanto mais não fosse porque era pena, um argumento tão válido como qualquer outro. Nunca estive optimista neste processo, mas estas pessoas tiveram de resolver um problema sério juntas. Há conflitos que unem as pessoas. Talvez seja esse o caso e, se assim for, estão todos de parabéns. 

E se as crianças forem más? 

Um tribunal americano condenou três crianças de 9, 10 e 15 anos a prisão juvenil. Dois dias depois, a pena foi reduzida para um Verão num centro para jovens. Pelo que sabemos deste processo intrigante, as crianças recusavam-se a almoçar ou conversar com o pai durante o divórcio. Acusavam-no de maltratar a mãe e de ser violento, mas não havia indícios a sustentar a queixa. A juíza decidiu que os miúdos estavam a ser vítimas de lavagem ao cérebro, ao estilo de Charles Mason. Mas, por outro lado, a mãe não foi acusada de coacção. A juíza tinha como único dado a antipatia que os filhos tinham pelo pai, sem nenhuma indicação de violência por parte deste. Penso que é aceitável pensar que a juíza se excedeu na sentença ou então que está doida. Por outro lado, não posso deixar de imaginar uma história sobre três irmãos felizes com a separação da mãe que urdem uma campanha de calúnias contra o pobre pai. É menos sanguinário do que o Rei Édipo. 

Mil bebés

Os ‘incentivos à natalidade’ têm sido comentados e discutidos por causa do papão do ‘deserto demográfico’ que o país, coitado, parece estar a enfrentar. Nunca me pareceu um tema urgente e por uma questão de bom senso, salvo excepções, a decisão de ter filhos está relacionada com dois aspectos imateriais: não pensar demasiado no assunto e ter esperança no futuro. A partir do momento em que os casais se viram obrigados a pensar mais do que o natural no assunto (na maioria das vezes por razões económicas) e deixaram de ter esperança no país, era de esperar um decréscimo da natalidade. Nada disto é um drama, nem merece especial intervenção dos governos, a não ser as evidentes: abono para as famílias com baixos rendimentos, licenças decentes de maternidade e paternidade e uma rede pública de creches que não custem um ordenado mínimo por mês. Neste primeiro semestre nasceram mais mil bebés. O Estado que não interfira no que não pode controlar. 

Alta corrupção

O homem que já foi o mais procurado nos Estados Unidos, Joaquim Guzmán, ou ‘El Chapo’ (o Baixinho), fugiu de uma prisão de alta segurança a 100 quilómetros da Cidade do México. É um dos traficantes de droga mais perigosos, à altura do colombiano Pablo Escobar. É também assassino confesso de mais de duas mil pessoas e responsável pela morte de milhares de outras nas guerras do narcotráfico. A sua fuga espectacular e cara (construíram um túnel de 1,5 km) não surpreende, se tivermos em conta o poder e o dinheiro do homem. Porém, não deixa de ser estranho que ‘El Chapo’ tenha conseguido escapar pela segunda vez de uma prisão no México quando as autoridades sabiam a importância deste criminoso. Quando foi preso pela segunda vez, os Estados Unidos pediram a sua extradição. As autoridades mexicanas recusaram o pedido e garantiram que não o deixariam fugir. O procurador-geral mexicano brincou que talvez daí a 200 ou 300 anos o extraditassem. É isso, é.