Quem perderia mais com um default?

Afinal qual a exposição dos países europeus à dívida grega e que impacto teria um eventual incumprimento de Atenas? A resposta não é linear, mas um investigador francês fez as contas e a conclusão é que, embora a Alemanha tenha mais dinheiro emprestado, outros países teriam de fazer um esforço financeiro maior se Atenas entrasse…

Quem perderia mais com um default?

Eric Dor, da escola de gestão francesa IESEG, somou os empréstimos bilaterais concedidos à Grécia, as garantias dos Estados-membros nos empréstimos dos fundos de resgate europeus e a dívida grega que os bancos centrais têm.

No total, a Alemanha é o país que mais exposição tem à Grécia, num total de 86 mil milhões de euros. Contudo, este valor representa apenas 3% do PIB da Alemanha, a maior economia da Europa.

Países como a Eslovénia, Espanha e Eslováquia teriam de suportar um esforço maior em percentagem do PIB, se a Grécia deixasse de pagar os empréstimos à Europa. A França e a Itália, dois países que apareceram como menos hostis a Atenas durante as negociações, têm uma maior exposição à dívida grega tendo em conta a dimensão da economia, segundo os números do docente francês.

Eric Dor considera que o receio de um eventual incumprimento terá sido o que mobilizou a Europa para chegar a acordo com os gregos. Embora existissem credores com medo que eventuais concessões ao Syriza encorajassem partidos políticos semelhantes noutros países, “era do interesse dos governos da Zona Euro evitar estas grandes perdas, e portanto chegar a um acordo com a Grécia”, diz ao SOL.

Mais do que na mão de bancos privados, a grande maioria da dívida pública grega está agora na carteira de organismos oficiais como o BCE, os bancos centrais, o FMI ou os fundos de resgate europeus. Segundo dados do Banco Internacional de Compensações, os bancos europeus têm apenas 32 mil milhões de euros emprestados à Grécia, quando a dívida total do país ascende já a 317 mil milhões de euros.

joao.madeira@sol.pt