Frente e Verso

São imagens bonitas que me sabem ao mesmo. Mas procuro-as todos os anos, como se nesse encontro estivesse uma necessidade de reconhecimento, um reencontro. Já gostei de bicicletas, das subidas à Torre ou à Senhora da Graça, do Tormalet em França, dos contra-relógios por planícies de verde; limito-me agora a procurar fotografias como esta, mais…

Conheço quem continue a amar as voltas de homens em cima de bicicletas, que veja as imagens com um entusiasmo sem desgaste ou capitulação, digo-lhes que é amor. É como quando conhecemos alguém. Quando acontece, quando lhe dizemos quem somos, quando ouvimos o que no outro é importante, quando jantamos à luz de velas, lhe falamos de desejo, quando escondemos mostrando, quando nos habituamos, é agradável mas um disco riscado. Sentimo-nos a repetir o que antes já tínhamos dito, pensado, escondido, mostrado. O jogo de sedução é um vício de que nos cansamos… se não gostarmos realmente. Mas se amarmos, o que antes era repetição transforma-se numa canção nunca composta. 

luis.osorio@sol.pt