Liga Árabe pede estratégia urgente contra o Estado Islâmico na Líbia

A Liga Árabe pediu hoje a criação urgente de uma estratégia árabe para ajudar militarmente o governo líbio na luta contra os terroristas do grupo Estado Islâmico (EI), mas sem anunciar o início de bombardeamentos aéreos.

A organização panárabe, com sede no Cairo, publicou este apelo no final de uma reunião extraordinária para debater um pedido do governo líbio reconhecido pela comunidade internacional "de adoção de medidas para contrariar o avanço do EI" na Líbia.

Este governo pediu também aos "países árabes irmãos" para "lançarem bombardeamentos aéreos seletivos contra posições do EI em Syrte", por ser "incapaz de lutar contra o EI devido ao embargo de armas imposto ao exército" pela ONU desde 2011.

"A segurança nacional líbia é a segurança nacional árabe (…) a Líbia está a sofrer, a sacrificar-se e espera ajuda dos países árabes", declarou o chefe da diplomacia líbia, Mohammed al-Dairy, no início da reunião no Cairo.

"A Liga Árabe afirma que dada a dificuldade da situação há necessidade urgente de criar rapidamente uma estratégia árabe que inclua uma assistência militar à Líbia", indicou a organização em comunicado.

O Egito e os Emirados Árabes Unidos realizaram nos dois últimos anos um número limitado de bombardeamentos aéreos na Líbia contra posições do EI e outras milícias islamitas.

Na passada terça-feira registaram-se violentos combates em Syrte, quando os residentes pegaram nas armas para tentar desalojar o EI da localidade, situada a 450 quilómetros a leste de Tripoli, e cujo controlo o grupo sunita tomou em junho.

A Líbia é cenário de uma guerra civil desde que, em outubro de 2011, a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN na sigla em inglês) apoiou com bombardeamentos aéreos os rebeldes e contribuiu para derrubar o regime de Muammar Kadhafi.

Atualmente, existem dois governos na Líbia, um rebelde fixado em Tripoli e outro reconhecimento internacionalmente com sede em Tobruk, que lutam pelo controlo político e dos recursos naturais, especialmente do petróleo.

O Egito trava uma batalha diplomática em duas frentes, junto da ONU (Organização das Nações Unidas) em defesa de uma intervenção militar internacional na Líbia, e na Liga Árabe pela formação, anunciada em março, de uma força árabe para combater os grupos 'jihadistas' na região e na Líbia.

Os chefes dos Estados-maiores dos países da Liga Árabe realizaram, até ao momento, duas reuniões sobre este tema. Uma terceira deverá realizar-se a 27 deste mês, no Cairo.

Entretanto, o secretário-geral da Liga Árabe condenou o "bombardeamento indiscriminado" realizado pelo exército sírio no domingo contra a localidade de Duma, perto de Damasco, que causou uma centenas de mortos.

De acordo com um comunicado, Nabil al Arabi pediu "o fim imediato" dos bombardeamentos contra os civis na Síria e considerou que o país vive "a maior crise humanitária do mundo".

O diplomata árabe expressou o seu apoio aos esforços do enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, para encontrar uma solução política para a crise.

Também o ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio manifestou "a grande preocupação do Cairo pelo aumento das operações militares na Síria nos últimos dias" e lamentou a existência de vítimas civis do conflito.

Na segunda-feira, Staffan de Mistura condenou o bombardeamento do exército sírio em Duma, declarando "ser inaceitável, em qualquer circunstância, que um governo ataque mercados cheios de gente e mate quase uma centena dos seus próprios cidadãos".

O regime de Damasco acusou hoje o enviado de ONU de "falta de imparcialidade no exercício das suas funções".

Pelo menos 96 pessoas morreram e 240 ficaram feridas, de acordo com ativistas sírios, no bombardeamento pelo exército de um mercado em Duma.

O alto comissariado da ONU para os Direitos Humanos elevou para 111 o número de mortos em Duma e sublinhou que os ataques premeditados contra civis e o uso indiscriminado de armas em áreas densamente povoadas são crimes de guerra.

Lusa / SOL