Naufrágio. Mota de água era o único meio de resgate

A moto de água que resgatou com vida dois tripulantes do arrastão naufragado na terça-feira na Figueira da Foz era “o único meio possível” de ser utilizado, outro seria um “suicídio”, disse hoje o porta-voz da Autoridade Marítima.

Naufrágio. Mota de água era o único meio de resgate

"Era o único meio possível para chegar àquela situação em condições de segurança. Era um perfeito suicídio disponibilizar outro tipo de meios com hélices para aquela zona porque iríamos ter mais vítimas e nas operações de salvamento, acima de tudo, tem de se preservar a segurança de quem vai salvar", disse aos jornalistas o comandante Nuno Leitão.

Já Carlos Santos, agente da Polícia Marítima que tripulou a moto de água, também considerou que aquele meio "era o único possível" de ser utilizado e que face às condições da ondulação na barra da Figueira da Foz a Autoridade Marítima fez "aquilo que conseguiu fazer".

Carlos Santos, que pertence ao comando local de Aveiro mas reside na Figueira da Foz e estava de folga, explicou que foi acionado pelo comandante do Porto da Figueira da Foz para participar na operação de socorro, dado que possui condições técnicas ao nível do salvamento.

"Meti-me na moto de água, vim junto da barra, analisámos todos em conjunto as situações e a uma determinada altura conseguiu-se avistar a balsa e aproximei-me. Encontrei um cenário difícil, encontrei muito mar, muitos detritos, caixas de peixe, redes, cabos, óleos, muitos detritos à tona de água", explicou.

O agente da Polícia Marítima chegou junto da balsa salva-vidas e encontrou os pescadores, dois irmãos, no seu interior, "em pânico, assustados, sem colete envergado".

Explicou que os náufragos "conseguiram colaborar" consigo e, à vez, saíram da balsa, entraram na água e depois subiram para a moto. Carlos Santos disse que nunca viu uma terceira vítima – um pescador que chegou a estar agarrado ao casco do navio e que será a vítima mortal do naufrágio: "Quando cheguei ao terreno não vi, já não havia muitas condições de visibilidade, eram praticamente nulas", frisou.

Carlos Santos disse sentir-se "bem" por ter conseguido resgatar dois pescadores com vida, mas, por outro lado, "há sempre aquela melancolia de ainda existirem pessoas no mar… sem vida", aludindo aos quatro pescadores que permanecem desaparecidos.

Lusa/SOL