ModaLisboa: Mais gabardines do que saltos altos

O espaço podia estar um pouco mais vazio do que nos anos anteriores, mas a verdade é que nem a tempestade Joaquín demoveu as milhares de pessoas que se deslocaram até Lisboa para assistir à 45ª edição da ModaLisboa.

ModaLisboa: Mais gabardines do que saltos altos

Desta vez, a Rua do Arsenal não estava apenas coberta de casacos compridos ou de botins de atacadores – Eram vários os guarda-chuvas, as gabardines das mais variadas cores e as capas para a chuva que se passeavam pela baixa lisboeta no sábado à noite. O que não impediu o público de, como tem sido hábito, se apoiar na originalidade: Eram várias as cores dos chapéus de abas, algumas gabardines não passavam a cintura e outras roçavam as pedras da calçada, havia botas para todos os gostos e surgiram algumas corajosas que decidiram mostrar as suas sandálias de salto alto.

Muitas destas pessoas apressaram-se para assistir ao desfile de Saymyname. A mistura de padrões e os cortes largos escolhidos para a coleção de verão 2016 da marca da criadora Catarina Sequeira não arrancaram muitos sorrisos da plateia, tendo sido um dos desfiles menos aplaudidos.

Desfile de Saymyname na #ModaLisboa

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Já o ‘veterano’ Miguel Vieira teve para muitos dos espetadores ‘o desfile da noite’. Apostando mais na dicotomia preto-branco, com pequenos apontamentos de cor, o designer de moda preferiu as formas mais largas e clássicas. Nos homens, houve uma clara preferência pelo branco e padrões suaves e discretos, com uma nota em particular para os cintos, que faziam lembrar cinturões de artes marciais.

No desfile de Ricardo Preto, a palete de cores era mais vasta – vários tons de azul, verde e cor-de-rosa. O criador decidiu apostar nas transparências e (uma tendência comum aos designers anteriormente referidos) nos cortes mais largos. Destaque para a aplicação de franjas coloridas nas sandálias de salto raso e alto.

Desfile de Ricardo Preto na #ModaLisboa

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O sol brilhou para Nuno Gama e Filipe Faísca

No domingo, o céu de Lisboa abriu e o sol brilhou para os milhares de apreciadores de moda que estavam desejosos por poder deixar o guarda-chuva em casa e mostrar as suas peças preferidas. Começaram a surgir mais camisolões, vestidos de malha muito justos e, mais uma vez, chapéus de abas de muitas cores.

Todos queriam ver o tão aguardado desfile de Nuno Gama, que começou com uma encenação com o ator Ricardo Carriço. Sob o tema ‘Lusíadas’, o desfile teve como base quatro inspirações: Os portugueses (com uma aposta nos negros e nas riscas largas vermelhas e brancas, a fazer lembrar o padrão associado aos piratas), os africanos (com uma grande mistura de padrões étnicos e uma tendência para as sobreposições de peças), o Índico (um hino ao vermelho marsala e ao fúcsia) e a Ásia (uma aposta clara no azul e nos padrões minimalistas, jogando mais uma vez com as sobreposições). O elogio à elegância masculina, com apostas nos casacos, nos calções e uma atenção especial a vários pormenores, como os laços e os sapatos.

Desfile de Nuno Gama na #ModaLisboa

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O desfile de Filipe Faísca revelou uma clara tendência para as transparências e os plissados. Para além dos vestidos compridos e das saias largas, houve também uma atenção ao calçado, complementando-o com meias semitransparentes até aos joelhos de uma só cor.

Entretanto, as pessoas continuam a chegar para ver os desfiles dos seus designers favoritos. Esperemos que para o ano haja ainda mais público. E sem Joaquín, para todos poderem mostrar as suas peças de roupa preferidas.

joana.alves@sol.pt