Frente e Verso

Akihito e Michiko são ‘soberanos dos céus’, deuses de um Olimpo japonês que não depende de épocas e circunstâncias. Quando alguém se perfila perante ele, venerável e sublime Imperador, é obrigatório que se curve num sinal de respeito. No Palácio de Kokyo, no coração da capital, recebe chefes de Estado, ministros, empresários, escritores, clérigos e…

Todos menos os professores. Alguns fazem-no, mas disso não têm necessidade. Se quiserem podem deixar-se estar, Akihito não o poderá levar a mal, é até bem capaz de esperar que não o façam. Um professor é alguém que vive acima dos comuns mortais e a par do eleito entre os eleitos, Akihito. Os que ensinam a aprender têm a obrigação de ser tratados como artífices do futuro.  

Neste mês de tumultos políticos, num ano em que as escolas portuguesas abriram mais tarde, curvo-me perante os professores que tão maltratados têm sido. Portugal não tem imperadores nem professores respeitados. Quanto à primeira parte da equação, nada a fazer. E nada contra. Mas quanto aos professores os futuros governantes bem podiam emendar a mão e, de uma vez por todas, começarem a tratá-los como Akihito e Michiko no Palácio dos deuses. 

luis.osorio@sol.pt