Relatório da OMS sobre carne processada deve ser encarado “sem pânico”

O diretor-geral da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), José Manuel Esteves, considerou hoje que o relatório da Organização Mundial de Saúde sobre carne processada “deve ser encarado tranquilamente e sem pânico” pelos consumidores.

Em declarações à agência Lusa, a propósito do anúncio de que a carne processada — como bacon, salsichas ou presunto — é cancerígena para os seres humanos, José Manuel Esteves disse que esta informação deve ser encarada "sem pânico e como uma chamada de atenção".

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"Tranquilamente, vamos todos, cada um por si como consumidor, estar sempre atentos, mas sem pânico. O relatório da OMS [Organização Mundial de Saúde] é positivo. É bom que a população esteja sensibilizada, mas sem pânico", declarou.

O responsável disse que o "equilíbrio" alimentar é o mais importante e lembrou que Portugal é dos países com uma dieta mais equilibrada no mundo.

"Quero lembrar que nós somos um dos maiores consumidores de peixe e temos também duas dietas importantes (a mediterrânica e a atlântica) e somos líderes europeus nas boas práticas de higiene e segurança alimentar", salientou.

De acordo com José Manuel Esteves, Portugal é um país cada vez mais seguro, inclusive na questão da alimentação.

"Claro que somos democratas, abertos e cada cidadão, quando vai a um restaurante, pode escolher o que quiser com bom senso. Se calhar, este relatório até pode ter o efeito oposto, ou seja, uma oportunidade para valorizar as gastronomias atlântica e mediterrânica", disse.

O documento conhecido na segunda-feira foi elaborado por um grupo de trabalho composto por 22 especialistas de 10 países, que foram convocados para o Programa de Monografias da IARC, organização com sede na cidade francesa de Lyon.

A conclusão consta de um estudo hoje divulgado pela Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro (IARC), da Organização Mundial de Saúde (OMS), o qual alertou que a carne vermelha também é "provavelmente" cancerígena.

O grupo de trabalho considerou que existem "provas suficientes" de que a ingestão de carne processada está ligada ao cancro colorretal.

Os mesmos especialistas classificaram o consumo de carne vermelha como "provavelmente" cancerígeno para os seres humanos, com base em "provas limitadas" de que a ingestão deste tipo de alimento pode estar associada ao cancro colorretal, mas também ao cancro do pâncreas e ao cancro da próstata.

Lusa/SOL