Essa era a convicção do presidente dos encarnados em Maio de 2014. Não era – como não podia ser – uma certeza absoluta e a entrada em cena da NOS, detentora de 50% do canal de desporto (a outra metade está nas mãos do empresário Joaquim Oliveira), mudou a perspetiva: uma proposta nunca vista no mercado dos direitos televisivos do futebol, que pode atingir um máximo de 400 milhões de euros nas próximas dez temporadas, convenceu Vieira a fechar um negócio que vai ‘devolver’ os jogos do Benfica no Estádio da Luz à SportTV.
Ainda não há confirmação oficial, mas o SOL sabe que a decisão nesse sentido está tomada. Em cima da mesa encontra-se ainda a possibilidade de a BTV transmitir os jogos do Benfica em diferido, sendo um dado praticamente garantido que o canal deixará de ser pago.
A SportTV também assegurou esta semana os direitos da Liga inglesa a partir da próxima época e é bastante provável, ao que foi possível apurar, que no acordo global com o Benfica esteja contemplada a transferência dos direitos sobre os campeonatos de Itália e França para a SportTV.
Contactados pelo SOL, nem a ZON nem o Benfica confirmam estes ou outros detalhes do negócio. Domingos Soares Oliveira, administrador financeiro do SAD encarnada, remete todas as explicações para uma conferência de imprensa conjunta na próxima quinta-feira.
BTV volta às origens
A televisão do clube da Luz voltará a dedicar-se em exclusivo à atividade interna do Benfica. É um regressso às origens – inclusive com a alteração de BTV para Benfica TV -, que vai implicar uma redução das despesas e também das receitas, cujo valor no final da primeira época com jogos da 1.ª Liga chegou quase aos 30 milhões de euros. Os lucros ‘diretos’ também vão naturalmente diminuir – o Benfica nunca os revelou e o jornal Público estimou-os nessa época de 2013/14 em 17 milhões de euros -, mas uma boa parte do ‘bolo’ pago pela NOS diz respeito precisamente à Benfica TV. A operadora tanto pode ficar com o canal em exclusivo como vender os direitos à concorrência – como a Meo e a Vodafone – que o clube ganha sempre.
Segundo apurou o SOL, no primeiro ano do contrato o Benfica vai receber uma verba um pouco acima dos 30 milhões de euros, pela cedência dos jogos em casa para o campeonato e da Benfica TV – a última oferta da SportTV antes do divórcio com o clube da Luz rondava os 22 milhões de euros por época pelos jogos.
Para já, o compromisso com a NOS estende-se por três anos, com ‘tranches’ progressivas que, no caso de serem renovadas até ao limite previsto de dez anos, vão atingir uma média anual de 40 milhões de euros.
Rivais em negociações
FC Porto e Sporting também estão a negociar a cedência dos direitos televisivos e o acordo do Benfica com a ZON pode potenciar o valor de mercado dos rivais (os dragões recebem 21 milhões por ano e os leões 16). Mas a forma como os jogos do Benfica vão regressar à SportTV, por via indireta, não obriga o canal desportivo, segundo o entendimento de Joaquim Oliveira, a subir o contrato do FC Porto para valores que representem 80% do acordo com o Benfica, conforme estava salvaguardado pelos dragões.
Certo é que, ao contrário da tendência que se vai generalizando na Europa de centralizar os direitos televisivos na Liga de Clubes – para depois fazer uma distribuição das receitas mais equitativa por todos os clubes e assim promover a competitividade -, cai por terra a possibilidade de o mesmo suceder em Portugal nos próximos tempos. Pedro Proença, o novo presidente da Liga, exibiu esta bandeira eleitoral, mas tão depressa escusa de a acenar.
