Brasil: quem é Jair Messias Bolsonaro?

O polémico deputado lidera as sondagens para presidente do Brasil entre os eleitores mais ricos 

Algumas declarações do deputado Jair Messias Bolsonaro podem induzir em erro o leitor. O homem que defende que os empresários deviam pagar menos às mulheres, porque elas engravidam; que andar com negras é promiscuidade; que combater a homofobia é “abrir as portas à pedofilia”; que o “sangue dos homossexuais não é de confiança”; que se voltou para uma deputada num debate parlamentar sobre a tortura na ditadura militar brasileira e que documentava os assassinatos, torturas e violações feitas pelos torturadores militares nesse período, dizendo-lhe que até a violaria, mas que ela não merecia “ser estuprada porque é muito feia”; que os refugiados “são a escória da humanidade” ; e que na votação do impeachment homenageou o torturador militar coronel Alberto Brilhante Ustra, “o pavor de Dilma”, referindo-se à tortura de que foi alvo a ex-presidente quando foi presa pela ditadura, o homem que fez todas estas declarações podia levar o leitor a pensar estar perante um indivíduo louco e marginal à sociedade brasileira. Nada de mais errado. 

Jair Bolsonaro foi o deputado federal mais votado no estado do Rio de Janeiro, com 460 mil votos, e está cotado na última sondagem das presidenciais com cerca de 8% dos votos a nível nacional. Este militar paraquedista na reserva, que já foi militante do PPR, PPB, PTB, PFL, PP e, desde de março de 2016, do PSC (Partido Social Cristão), é o candidato preferido dos brasileiros mais ricos e tem votações elevadas nos brasileiros com maior escolarização.

Segundo a última sondagem eleitoral divulgada pela Datafolha, Bolsonaro seria o candidato preferido pelos eleitores que ganham mais de 10 salários mínimos (apenas 5% da população). Aí o deputado carioca teria 23% dos votos para presidente do Brasil; o segundo candidato mais votado, nesse escalão da população, seria Lula, com 13% dos votantes. Nem se o famoso juiz do Lavajato, Sérgio Moro, se candidatasse, os ricos desistiriam de votar no antigo militar: Bolsonaro teria 15% contra 13% do magistrado. Já nos mais pobres, aqueles que ganham até dois salários mínimos, o deputado de extrema-direita obtém 4% nas sondagens contra 28% do candidato do Partido dos Trabalhadores, Lula. 

Estas intenções de voto “mostram que uma parcela crescente da população, principalmente nas classes médias altas, tem uma visão muito conservadora do mundo. São os mesmos que atacam o Partido dos Trabalhadores porque consideram que só governa para os pobres”, afirma o analista político Felipe Borba ao “El País” Brasil.
Bolsonaro e os seus três filhos foram eleitos para cargos políticos. O seu filho Eduardo, também deputado, acompanhou o seu voto de um elogio da ditadura militar. Filho de ogre sabe…