Atlético de Madrid às costas de Saúl

Um rasgo de génio derrotou o Bayern e consumou meia vingança da final da Taça dos Campeões perdida em 1974

O jogo pertenceu a Saúl Níguez e àquela jogada no início do jogo. Foi tão cedo que ainda havia gente a entrar no Vicente Calderón. Quem não viu perdeu o melhor momento da noite e um dos melhores desta Liga dos Campeões. E foi esse momento que derrotou 1-0 o Bayern, essa quase invencível equipa que Guardiola montou e que caiu aos pés de Simeone. E claro de Níguez.

Níguez é o nome de família de futebolistas. Filho de José Antonio Níguez, antigo jogador do Elche, é irmão de Jonathan (começou no Valência e joga no Koper da Eslovénia) e Aarón, avançado do Braga. Mas Saúl é mais novo e irreverente. Criado nas escolas do Atlético, foi campeão da Liga Europa em 2012, venceu a Taça do Rey em 2013 e venceu a Supertaça espanhola em 2014.

Sempre em crescendo como se vê. E ontem fez a sua obra-prima. Sendo centrocampista – ao contrário do pai e do irmão Aarón que eram avançados – imitando o irmão Jonathan, pegou na bola e fez um slalom gigante por entre as pernas dos jogadores do Bayern e só terminou com a bola dentro da baliza de Neuer.

Uma obra maior. A partir daí, Cholo, essa alcunha que Simeone ganhou na Argentina, fechou a equipa. Prendeu o Bayern que só se soltou na segunda parte. O Atlético cedeu a posse (33%). Mas a bola de Alaba foi à barra. Aí, Cholo respondeu a Guardiola com Torres – e aí a bola saiu dos pés do espanhol e acabou no poste.

E depois já se sabe. A baliza de Oblak tem ficado a zero em 13 dos últimos 17 jogos no Calderón.

Foi a primeira vitória do Atlético em três jogos com o Bayern. E basta para entrar em Munique de peito cheio. E está meia vingança consumada daquele ano de 1974: o empate 1-1 na final da Taça dos Campeões levou a outro jogo e aí, o Bayern goleou 4-0 e arrecadou o primeiro dos cinco títulos de campeão europeu.