Rota do Atlântico: a rede de lavagem de dinheiro ligada a Veiga

O Ministério Público português suspeita que o empresário José Veiga seria uma espécie de oficial de ligação para negócios ilegais entre o Congo e Portugal. No âmbito da Operação Rota do Atlântico, Veiga é suspeito de receber luvas para garantir negócios em África a clientes portugueses – canalizando depois parte desse dinheiro para governantes congoleses…

Segundo apurou a investigação, só desde 2010 passaram pelas suas contas 500 milhões de euros. O antigo agente desportivo foi detido em fevereiro, tendo sido ouvido pelo juiz de instrução Carlos Alexandre.

Durante o interrogatório foi confrontado, entre outros factos, com a avultada quantia de dinheiro vivo que a PJ encontrou numa casa de Cascais – um imóvel em nome de uma offshore, mas que o Ministério Público acredita pertencer, na realidade, ao empresário. Veiga, aliás, não tem bens em seu nome em Portugal e deve ao fisco português cerca de dez milhões de euros.

Na investigação foram constituídos 12 arguidos, entre os quais Manuel Damásio, Paulo Santana Lopes e a advogada Maria de Jesus Barbosa. Só José Veiga ficou em prisão preventiva.

Na chamada Operação Rota do Atlântico estão a ser investigados indícios de corrupção no comércio internacional, branqueamento e fraude fiscal. Em África, o esquema contava com a cooperação de altos dirigentes, incluindo a família do presidente do Congo e o presidente do Gabão.

Segundo anunciou no mês passado o procurador-geral da República de Cabo Verde, Óscar Tavares, também naquele país foi aberto um inquérito em 2015 para investigar suspeitas de branqueamento de capitais que envolvem Veiga.

Congo na rota do GES Tal como o semanário “SOL” avançou no final de 2014, numa reunião do clã Espírito Santo em que se discutia a entrada de Veiga como acionista de relevo na instituição, o empresário foi referido como tendo relações ao mais alto nível com responsáveis políticos daqueles países africanos.